Renan: Lula concorda com maior protagonismo do PMDB na coalizão

Da Redação | 26/02/2015, 13h58

Anfitrião de café da manhã que reuniu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes do PMDB, nesta quinta-feira (26), o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que Lula concordou com um maior protagonismo de seu partido nas decisões políticas do governo e até sugeriu que o vice-presidente da República, Michel Temer, seja o interlocutor do PMDB no governo.

— [O ex-presidente Lula] lembrou que quando foi presidente envolvia o vice-presidente José Alencar em todas as decisões e acha que o mesmo deve ocorrer agora. É preciso que o governo envolva o vice-presidente Michel Temer em todas as decisões porque ninguém melhor que o Michel interpreta o sentimento do partido como um todo — disse Renan Calheiros.

Uma maior participação do PMDB na definição das políticas públicas e na definição dos rumos do país é uma reivindicação do partido. Renan tem insistido nesse ponto e ressaltado que o papel da legenda é o de colaborar com o Executivo. Do contrário, a coalizão se torna “capenga”, na avaliação do senador.

— Porque coalizão capenga não é coalizão é colisão. E isso não pode continuar a acontecer — reiterou.

Lula está em Brasília desde a noite de quarta-feira para ajudar Dilma Rousseff na articulação política. Ontem à noite, ele participou de um jantar com a bancada do PT no Senado. Durante o encontro desta quinta-feira com o PMDB, Renan apresentou suas preocupações com o ajuste fiscal promovido pelo governo, considerado pelo presidente do Senado como “insuficiente”. O senador defende cortes no setor público e revisões nos contratos.

— Eu acho que ele [Lula] concorda que deva haver um ajuste mais amplo. O PMDB está muito unido nessa possibilidade de termos um ajuste com começo, meio e fim, para que todos saibam que o ajuste não ficará apenas naquelas medidas contidas nas medidas provisórias, que transferem uma parte do problema para parcela mais pobre da população — avaliou.

De acordo com Renan, Lula se mostrou otimista com a situação econômica do país e prosseguirá dialogando com setores da sociedade para garantir a retomada do crescimento.

— O presidente não falou especificamente [sobre o ajuste fiscal], mas demonstrou, por exemplo, muitas convergências com todos nós e pediu apoio para que sejam construídas saídas políticas e econômicas para o Brasil. Ele é sempre um otimista e mais uma vez fez uma veemente defesa desse otimismo — disse o senador.

Segundo o presidente do Senado, o papel de Lula é fundamental nesse processo.

— Ele vai conversar com a sociedade. Está fazendo isso. Reuniu o PT ontem à noite. Ele fez esta reunião com setores da bancada do PMDB e com outros partidos também. Quer continuar conversando. E eu entendo, como o país entende, que o papel dele é fundamental, é insubstituível. Dele e dos outros ex-presidentes da República também — afirmou Renan Calheiros, que esteve acompanhado do ex-presidente José Sarney na reunião com Lula.

Eunício

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, também comentou sobre o café da manhã, no qual, segundo ele, ganhou força a ideia de união entre o PMDB e o PT:

— Eu falei: o senhor sempre foi o garantidor dessa relação PMDB/PT dentro do seu governo. Nós somos os garantidores do governo e o senhor é o garantidor dessa relação nossa com o governo — relatou Eunício.

Na visão do senador pelo Ceará, Lula está otimista, como sempre, e exercendo seu papel de "incentivador e um porto seguro do ponto de vista da conversa política", mas entende que o Brasil não pode perder o patamar de crescimento que criou em relação ao mundo, inclusive no que se refere ao "quase pleno emprego".

O líder do PMDB disse que durante o encontro não se falou das medidas provisórias que compõem o chamado pacote de ajuste fiscal.  O objetivo foi mesmo "um reordenamento político em relação à chamada coalizão".

Lula indagou sobre as condições no Senado para a análise de projetos do interesse do governo. Ouviu dos peemedebistas presentes que "existem efetivamente algumas dificuldades do ponto de vista político", dificuldades essas que têm criado obstáculos para algumas outras medidas do ponto de vista da economia. Na opinião de Eunício, teria sido muito mais saudável se o partido tivesse sido chamado a discutir as medidas provisórias, que na opinião dele, são "ajustes administrativos e não um pacote fiscal, mas que foram vendidas como pacote fiscal".

Participaram também do encontro com Lula os senadores Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Edison Lobão (PMDB-MA), Roberto Requião (PMDB-PR). Embora integrante do PR, esteve no café da manhã o senador Blairo Maggi (MT). Acompanhando o ex-presidente, estiveram os diretores do Instituto Lula, Paulo Okamotto e Luiz Dulci.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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