Insatisfeita com resultado da CPI Mista, oposição quer continuar investigações em 2015

Anderson Vieira e Larissa Bortoni | 18/12/2014, 16h22

Sem concordar com o relatório final aprovado na CPI Mista da Petrobras, líderes da oposição já afirmaram que pretendem continuar as investigações ao longo do próximo ano. E uma das esperanças para eles é a renovação do Congresso Nacional, que deve trazer uma relação mais equilibrada das forças políticas.

—  A certeza que fica é que voltaremos a partir de fevereiro com uma nova CPMI. Há muitos fatos que precisam ser aprofundados. Além do mais, há a declaração de Paulo Roberto Costa de que o esquema corrupção na Petrobras se expandiu para hidrelétricas, rodovias, obras da Copa, portos e aeroportos. Portanto, o Parlamento brasileiro vai ter muitas responsabilidades. Com uma diferença: hoje o governo tem maioria de quatro por um. A partir de primeiro de fevereiro será 3 a 2, o que vai melhorar a correlação de forças para as oposições irem mais adiante — opinou o líder do DEM na Câmara, deputado Onyx Lorenzoni (RS).

Os governistas não têm a mesma certeza. O senador Humberto Costa (PT-PE) não descarta a abertura de uma nova comissão de inquérito, mas acredita que será uma questão para ser decidida pelos novos parlamentares que ainda tomarão posse.

A CPI conseguiu dar uma resposta ao Brasil dentro da capacidade de investigação do Congresso. Agora temos que aguardar a última etapa, que é a que diz respeito aos agentes políticos para que no ano que vem o Parlamento se posicione. É uma decisão do futuro congresso. Não podemos falar em nome de tantos senadores e deputados que foram eleitos agora. Será uma decisão mais à frente — ponderou.

Críticas

Após a reunião desta quinta-feira (18), o relator da CPI Mista, deputado Marco Maia (PT-RS), rebateu as críticas da oposição de que seu relatório ficou incompleto e inconsistente para proteger o governo. Os adversários também reclamaram do fato de o texto ter poupado a presidente da Petrobras Graça Foster e a diretoria.

— O meu relatório não é governista ou chapa branca. Pelo contrário. Todas as informações que tivemos sobre corrupção e desvios estão lá. Complementamos o voto e propusemos o indiciamento de 52 pessoas, algumas delas nem tratadas ainda pela Polícia Federal. É um relatório denso. Não é da oposição, nem do governo e tem condições de ajudar a Petrobras e a sociedade brasileira — afirmou.

Comissão atípica

O presidente em exercício da CPI Mista da Petrobras, senador Gim (PTB-DF), admitiu que o período eleitoral prejudicou os trabalhos da comissão, mas disse que ficou satisfeito com a aprovação de um texto final.

— Acabou a CPI Mista. Não é o que a oposição gostaria, mas o que foi possível de ser feito. Foi uma CPI diferenciada. Sabemos que em época eleitoral todos vão cuidar das suas bases e com isso ficou prejudicado o trabalho de apuração. Ainda assim conseguimos encerrar com o relatório aprovado. Foram realizados 60% ou 70% do trabalho do ideal — avaliou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)