Biblioteca do Senado inaugura exposição em homenagem a Sarney

Tércio Ribas Torres | 10/12/2014, 20h35

A Biblioteca do Senado inaugurou, no início da noite desta quarta-feira (10), a exposição José Sarney: O homem, o político, o escritor. Por meio de fotografias, livros e textos, a mostra homenageia as seis décadas de vida pública e celebra os 84 anos de vida do político maranhense. De acordo com a coordenadora da exposição e da biblioteca, Helena Celeste, a ideia de uma homenagem a Sarney nasceu de forma “espontânea e singela” quando o senador anunciou que deixaria a vida pública.

Ao abrir a exposição, Helena Celeste afirmou que era uma grande responsabilidade tratar de Sarney, a quem definiu como uma das personalidades mais importantes da história recente do país. Ela lembrou que foi Sarney, como presidente do Senado, o responsável pela criação do Conselho Editorial e do coral, pela participação da instituição nas feiras do livro realizadas no país, pela aquisição de obras raras e pela idealização do acervo digital – que hoje conta com mais de um milhão de acessos na internet.

— Esta exposição é uma forma de homenagem e de gratidão a Sarney. Não há lugar mais apropriado para isto do que a biblioteca do Senado — disse Helena.

Visivelmente emocionado com a apresentação do coral, Sarney disse que não gostava de despedidas e que preferia sair do Congresso da mesma forma como entrou em 1955, “anonimamente”. O senador ponderou que ele é quem deveria fazer uma homenagem aos servidores do Senado, que são “os melhores quadros” da administração pública brasileira.

Templo e tecnologia

De bom humor, o senador brincou, dizendo que parecia “mais jovem e bonito” em algumas fotografias de sua trajetória política. Ele lembrou as dificuldades do período em que foi presidente da República, como o enfrentamento das greves, mas destacou como bons momentos o Plano Cruzado e a Assembleia Nacional Constituinte. Sarney disse que se fez fraco para que o povo e o país se fizessem fortes. Ele acrescentou que só conseguiu conduzir o país naquele momento de transição por conta de seu espírito de “tolerância, humildade e conciliação”.

Sarney fez questão de agradecer à coordenadora da biblioteca e aos demais servidores que ajudaram na montagem da exposição e destacou sua relação com os livros e com as bibliotecas. Para Sarney, o livro não vai acabar. Ele disse que o livro representa o que há de mais moderno na tecnologia, pois não precisa de energia nem de fio, e pode cair que não vai quebrar. Já as bibliotecas têm, na visão de Sarney, algo de sagrado. O senador disse que quando entra em uma biblioteca tem a sensação de que está entrando em um templo. Por isso, acrescentou, estava comovido com a homenagem.

— Me falaram que seria uma coisa simples, mas fui surpreendido com esta belíssima exposição. Queria agradecer a todos os servidores. A gratidão é a memória do coração — declarou.

Os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO), João Alberto Souza (PMDB-MA), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o deputado Sarney Filho (PV-MA), filho de Sarney, além de ministros e autoridades estiveram presentes na abertura da exposição. Também presente na homenagem, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que a exposição é importante e necessária. Ela definiu Sarney como o principal protagonista da transição e afirmou que o colega vai fazer falta ao Congresso.

— Vamos sentir falta, sobretudo, da forma como ele enxerga as coisas. Ganha a literatura e ganha a academia brasileira — disse a senadora.

Batalhas

Na abertura da exposição sobre Sarney também ocorreu o lançamento do livro As Batalhas na Guerra da Transição Brasileira. De autoria do jornalista Frota Neto, o livro conta a transição política do Brasil entre 1985 e 1990, quando o país estava saindo do governo militar e entrando na democracia. Nesse período, o presidente da República era José Sarney.

Os bastidores da política, a formação dos partidos e a elaboração da Carta Magna de 1988 estão entre os temas abordados no livro. De acordo com Frota Neto, que trabalhou na Presidência da República no gabinete de Sarney, o livro é “um corte na história”, com uma análise crítica sobre o que ocorreu no período.

— [O livro] é uma análise do papel do presidente e sua relação com o poder. Em todas as suas decisões, um presidente está negociando com a história. Agradeço ao presidente Sarney a oportunidade de ser uma nota de rodapé na história do nosso país — disse o autor.

Três ambientes

A exposição está dividida em três ambientes. O primeiro, focaliza a vida pessoal do senador, que nasceu no dia 24 de abril de 1930, na cidade de Pinheiro (MA). A vida escolar, a formação da família e até o quase desconhecido gosto pelo violão estão presentes neste ambiente. O segundo ambiente mostra a vida política de Sarney. Sua primeira eleição – para deputado federal ainda na década de 1950 –, o governo do Maranhão e os vários mandatos no Senado são lembrados em fotografias e totens com referências bibliográficas e calendários com datas importantes. A chegada à Presidência da República, em 1985, merece destaque especial.

O último ambiente retrata a vida de Sarney como escritor imortal. Sua atuação nos cadernos literários, a poesia e os romances o credenciaram a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, onde tomou posse em 1980. Os expositores e painéis estão instalados no salão de entrada da biblioteca. A exposição está aberta ao público das 8h às 18h, até o dia 25 de dezembro e conta com o apoio da Secretaria de Editoração e Publicações do Senado Federal (Segraf).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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