Descoberta e tratamento precoces melhoram vida do autista, alertam profissionais

Sergio Vieira | 27/11/2014, 15h47

A detecção e o tratamento o mais precoce possível de uma criança com o transtorno do espectro autista farão uma enorme diferença em sua qualidade de vida. Essa é a abordagem das pesquisas apresentadas pela psicóloga brasileira Maria Clara Nassif e pela neuropsicóloga francesa Bernadette Rogé, nesta quinta-feira (27), durante a 7ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, realizada pelo Senado. As duas especialistas participaram da primeira das 14 oficinas realizadas hoje.

Maria Clara Nassif desenvolveu um método por meio do qual são propostas técnicas terapêuticas e sociais voltadas para crianças com o transtorno autista, a partir da observação de traços comportamentais atípicos durante a primeira infância - como passividade, excesso de sono e baixo contato social.

O objetivo do método, denominado de Programa de Acompanhamento Intensivo e Sistemático aos Pais (PAIS), é buscar o estímulo da linguagem e a interação com parentes, profissionais e demais crianças.

O método, de acordo com a psicóloga brasileira, tem dado resultados positivos baseados em interações com o Centro Pró-Autista Social, em São Paulo.

— Nós não podemos ter medo do autismo e não devemos entendê-lo como doença — afirmou Maria Clara Nassif.

De acordo com a psicóloga brasileira, ainda há falta de rigor metodológico na abordagem dessa questão em nosso país e preconceito por parte de diversos profissionais da área médica. Ela recomendou a adoção de seu método PAIS como instrumento de política pública.

O procedimento também foi elogiado pela neuropsicóloga Bernadette Rogé. A profissional francesa considera necessário alertar a quem atua na área médica para a importância de um olhar cuidadoso às primeiras manifestações do transtorno em uma criança.

Isso porque, explicou ela, a tendência ao autismo já pode ser detectada a partir dos seis meses de idade. A partir da descoberta precoce, o tratamento fará uma enorme diferença na qualidade de vida da criança e também para os seus pais. Segundo Rogé, mesmo na França não é incomum encontrar pediatras ou outros profissionais da área médica que têm receio de abordar a questão com os pais, a partir da percepção de alguns traços de comportamento da criança que podem indicar a tendência ao transtorno.

A semana

O Senado realiza a Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, pelo sétimo ano consecutivo, reunindo especialistas de diversos estados e de outros países para divulgar e discutir estudos e projetos desenvolvidos no Brasil e no mundo.

Este ano, o tema central são as neurociências e as ações na área de educação: como evoluem, que desafios encontram — tais como autismo e TDA–H —, as últimas descobertas e perspectivas.

As atividades, iniciadas na segunda-feira com palestras e conferências que se seguiram na terça, prosseguem amanhã (28), no Auditório Florestan Fernandes da Universidade Federal Fluminense — co-realizadora do evento —, em Niterói (RJ). Estão previstos mais três painéis de debates.

Mais informações podem ser obtidas no site do evento na internet.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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