Humberto Costa nega ter recebido dinheiro desviado da Petrobras e oferece quebra de sigilo

Da Redação | 24/11/2014, 10h40

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), respondeu, neste domingo (23), reportagem do jornal O Estado de S. Paulo que o acusa de ter recebido R$ 1 milhão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Em nota, o senador negou envolvimento no esquema de desvio de recursos na estatal, se dispôs a colaborar com os órgãos de investigação e ofereceu a abertura de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Segundo o jornal paulista, Paulo Roberto Costa disse em depoimento que o líder do PT recebeu dinheiro irregular para doação de campanha em 2010.

O ex-diretor foi preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos. Ele firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e o Ministério Público para contar o que sabe em troca de redução da pena. Por conta desse acordo, o executivo ficou calado quando chamado para depor na CPI Mista no Congresso Nacional.

Investigações

Já no plenário, durante a sessão na tarde desta segunda (24), o senador Humberto Costa (PT-PE) também informou que encaminhou a nota ao Supremo Tribunal Federal, à Procuradoria Geral da República e à presidência das Comissões Parlamentares de Inquérito que investigam as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras.

- Coloco-me à disposição para prestar os esclarecimentos a todos os órgãos de investigação e disponibilizo a eles meus sigilos bancário, fiscal e telefônico, afirmou.

Humberto disse ainda que está estudando todas as medidas legais cabíveis.

- Do ponto de vista jurídico, o caso não será negligenciado até que eu possa fulminar uma a uma todas essas acusações descabidas vinculadas contra a minha honra, explicou.

“Versão fantasiosa”

O senador petista afirmou, em entrevista a jornalistas depois da sessão plenária, que conheceu Paulo Roberto Costa em 2004, época em que Humberto era ministro da Saúde. De acordo com o parlamentar, o relacionamento era institucional, “sem intimidade maior”, pois ele era responsável pela implementação de investimentos importantes da Petrobras em Pernambuco, como a refinaria Abreu e Lima.

Humberto Costa criticou o vazamento do depoimento da delação premiada a apenas parte da imprensa e chamou de “fantasiosa” a versão publicada pelo jornal.

- Primeiro ele (Paulo Roberto Costa) diz que esse recurso foi uma determinação do Partido Progressista para que fosse dado a mim. Eu não consigo entender porque é que um partido vai dar apoio financeiro a um candidato de outro partido se o que eu vejo é todos partidos reclamando da falta de recursos, argumentou.

Humberto Costa disse ainda que as afirmações de que Paulo Roberto Costa teria sido obrigado a dar esses recursos senão seria demitido da diretoria da Petrobras não procedem.

- Eu só quero lembrar que em 2010 eu não tinha mandato parlamentar, era apenas candidato ao Senado em Pernambuco. É fantasioso imaginar que eu tivesse o poder de destituir um diretor da Petrobras, explicou.

A nota na íntegra:

"Em relação à publicação do jornal O Estado de São Paulo deste domingo que relata supostas acusações do sr. Paulo Roberto Costa dirigidas a mim em delação premiada, afirmo que:

1. Todas as doações de campanha que recebi na minha candidatura ao Senado em 2010 foram feitas de forma legal, transparente, devidamente declaradas e registradas em minha prestação de contas à Justiça Eleitoral e inteiramente aprovadas, estando disponíveis a quem queira acessá-las;

2. Assim, nego veementemente ter pedido a quem quer que seja que solicitasse qualquer doação de campanha ao sr. Paulo Roberto;

3. Tal denúncia padece de consistência quando afirma que a suposta doação à campanha teria sido determinada pelo Partido Progressista (PP) por não haver qualquer razão que justificasse o apoio financeiro de outro partido à minha campanha;

4. Mais inverossímil ainda é a versão de que se o sr. Paulo Roberto não tivesse autorizado tal doação, correria o risco de ser demitido, como se eu, à época sem mandato e tão somente candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de causar a demissão de um diretor da Petrobras;

5. Causa espécie o fato de que ao afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não apresente qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a doação, de que maneira e quem teria recebido;

6. Conheci o sr. Paulo Roberto em 2004 e minha relação com ele se deu no campo institucional, no processo de implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco, do qual participei assim como vários políticos, empresários e representantes de outros segmentos da sociedade pernambucana o fizeram;

7. Conheço e sou amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (ASSINPRA), que também foi partícipe da mesma luta pela refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010;

8. Tenho uma vida pública pautada pela honradez e seriedade, não respondendo a qualquer ação criminal, civil ou administrativa por atos realizados ao longo de minha vida pública;

9. Sou defensor da apuração de todas as denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão do Governo. Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular a honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto estar incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas denúncias o condão de expressar a realidade dos fatos;

10. Aguardo com absoluta tranquilidade o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República sobre o teor de tais afirmações, ocasião em que serão inteiramente desqualificadas. Quando então, tomarei as medidas cabíveis;

11. Informo ainda que me coloco inteiramente à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a esse caso para quaisquer esclarecimentos e, antecipadamente, disponibilizo a abertura dos meus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Recife, 22 de novembro de 2014,

Humberto Costa, senador da República"

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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