Oposição protesta contra ausência de diretor da Petrobras em CPI

Anderson Vieira e Larissa Bortoni | 22/10/2014, 16h30

Parlamentares da oposição protestaram contra o adiamento do depoimento do diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, que estava marcado para esta quarta-feira (22). Cosenza apresentou um atestado médico para justificar a ausência da reunião.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), disse que o país ficou surpreendido com o não comparecimento do executivo. Ele classificou Cosenza como homem de total confiança de Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, acusado de integrar esquema de superfaturamento em contratos da estatal.

— Cosenza era gerente-executivo de Refino. Tenho a mais absoluta certeza que compartilhou de informações importantes. Não sei se teria participado de negociações que trouxeram tantos prejuízos à Petrobras e ao povo brasileiro, ou se ele teria sido cúmplice das decisões — disse Imbassahy.

O deputado Mendonça Filho (PE), líder do DEM, afirmou que o não comparecimento do diretor da Petrobras, a poucos dias da eleição, parecia uma tática da campanha de Dilma Rousseff, do PT, candidata à reeleição.

— Querem impedir que o Congresso avance na investigação sobre esse emaranhado de corrupção que envolve a maior empresa brasileira.

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), por sua vez, disse estranhar que José Carlos Cosenza tenha passado mal pela manhã e questionou a validade do atestado médico apresentado.

— Se é séria essa CPI, vamos pedir ao Conselho Regional de Medicina no Rio de Janeiro que investigue esse atestado devidamente. Se for errado, se for fajuto, que este médico seja responsabilizado.

O deputado Fernando Francischini (PR), líder do SD, avaliou que a CPI mista da Petrobras morreu nesta quarta-feira.

— O atestado de óbito da CPI Mista é claro. O governo, é óbvio, proibiu a vinda do senhor Cosenza — afirmou.

Em resposta ao parlamentar, o relator da CPI Mista, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que os trabalhos só acabariam nesta quarta-feira se o único intuito da comissão fosse a eleição presidencial.

— Tenho a certeza que não é esse o entendimento. Não é essa a vontade da maioria dos membros da CPI. Nosso desejo é investigar todos os desmandos que temos assistido nesses últimos anos envolvendo a Petrobras. Acho que a CPI ainda terá muito o que contribuir com o Brasil, com o parlamento e com a própria Petrobras.

Youssef

Na abertura da reunião, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou que o doleiro Alberto Youssef prestará depoimento na próxima quarta-feira (29), a partir das 14h30. O doleiro foi preso na Operação Lava Jato por crimes como lavagem de dinheiro e evasão de divisas e, segundo a Polícia Federal, teria envolvimento em esquemas de corrupção na Petrobras.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)