Consultores defendem construção de reservatórios em hidrelétricas

Da Redação | 02/10/2014, 12h05

Um estudo da Consultoria Legislativa do Senado alerta para a importância da construção de reservatórios nas usinas hidrelétricas do Brasil. Instalar uma usina sem barragem é como abdicar de um poço de petróleo, na avaliação dos consultores Omar Alves Abbud e Marcio Tancredi.

Segundo os consultores, a pressão de ambientalistas levou o governo a não mais conceber usinas com represas, em grandes projetos, a partir da década de 1990. Desde então, têm sido priorizadas usinas a fio d’água, que não dispõem de barragem de água ou têm dimensões menores do que poderiam.

Entretanto, avaliam, além de aumentar a confiabilidade do abastecimento, os reservatórios ajudam a gerar energia elétrica a custos mais baixos e praticamente sem emissão de dióxido de carbônico (CO2), inclusive nos períodos de seca.

Levantamento recente, encomendado pela revista britânica The Economist, avaliou o efeito prático das principais ações de redução nas emissões de gases responsáveis pelas mudanças climáticas.  A conclusão foi que, graças à matriz energética baseada em hidrelétricas, o Brasil tem uma das mais baixas emissões por pessoa do mundo desenvolvido ou emergente.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, somadas as áreas dos reservatórios de todas as usinas construídas e a construir na Amazônia, a área alagada seria de 10.500 km² de floresta, ou seja, 0,16% de todo o bioma amazônico – o que equivale a aproximadamente o dobro do território do Distrito Federal.

- Um tamanho irrisório, diante da extensão da Floresta Amazônica, que é de cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados. Além disso, se comparada às áreas desmatadas ilegalmente, este total equivale a menos da metade da floresta desmatada em toda a história – afirma Tancredi.

Abbud e Tancredi afirmam que especialistas em outros tipos de energia, como a eólica, por exemplo, também são favoráveis à construção de reservatórios para garantir a continuidade do abastecimento. Isto porque, de acordo com os consultores, mesmo se tratando de energias de baixo impacto ambiental e relativo baixo custo, essas fontes não são confiáveis, por serem intermitentes.

Eclusas

Projeto pronto para ser analisado pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) determina a construção de obras de engenharia hidráulica – eclusas – concomitantemente à de usinas hidrelétricas, quando se tratar de rios que sejam navegáveis durante pelo menos seis meses por ano. O objetivo do PLS 497/2011, do senador Vicentinho Alves (SD-TO), é solucionar dificuldades encontradas em cursos de água, para expandir a oferta de energia elétrica.

Para o relator da proposta, senador Blairo Maggi  (PR-MT), além de alternativa de escoamento mais barata, a medida é menos danosa ao meio ambiente, por permitir a piracema (período de desova dos peixes) e garantir os deslocamentos das populações ribeirinhas.

- De fato, um dos fatores que mais comprometem o desempenho de nossa agricultura é a falta de opções logísticas de escoamento capazes de competir, em termos de custos, com as facilidades disponíveis em alguns de nossos principais concorrentes, como a Argentina e os Estados Unidos – afirma.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)