Campanha contra legalização da maconha repercute no Senado

Rodrigo Baptista | 11/09/2014, 15h48

Uma campanha do movimento Brasil sem Drogas, contra o uso recreativo da maconha, repercutiu na segunda-feira (8), na quarta audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre a regulamentação da substância.

A série de anúncios foi veiculada em jornais de grande circulação do Ceará . “Você teria coragem de ser operado por um médico que acabou de fumar um baseado?”, diz uma das peças. “Você entraria num avião cujo piloto acabou de fumar um bagulho?”, questiona outra. As mensagens terminam com a resposta “se a maconha for legalizada, isso será normal”.

Os anúncios acabaram virando meme nas redes sociais. Meme refere-se a uma parodia ou ideia bem-humorada que se espalha pela web.

O primeiro a comentar a campanha foi o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que é relator de sugestão popular neste sentido (SUG 8/2014).

- Eu vi uma página no jornal do Ceará que pergunta se você gostaria de ser operado por um médico que tenha fumado maconha. Acho que deveria colocar também por um médico que tenha tomado uísque – disse Cristovam.

O senador, aliás, cogitou a possibilidade de propor uma espécie de “exame antidoping” para médicos, pilotos e outros profissionais.

- Será que não deveríamos colocar uma lei antidroga, medindo se o médico, quando for entrar na sala de operações, fumou ou bebeu? Os jogadores de futebol não fazem exame antidoping? Deveriam fazer com médicos. Deviam fazer com pilotos. Deviam fazer com professores. Deviam fazer com profissionais de todas as áreas  – teorizou Cristovam.

Preocupação

Moradora de Fortaleza, Diva Araripe, mãe de ex-usuário de drogas, manifestou preocupação com a possibilidade de pilotos atuarem sob efeito de maconha.

- Já imaginou chegarmos agora ao aeroporto, pegarmos um avião e o piloto, por algum motivo- ou de frustração ou de alegria - faz uso da maconha. Qual é o risco? – questionou.

Em resposta, Cristovam Buarque sustentou que o uso de qualquer substância pode acarretar riscos à segurança de passageiros e de pacientes, no caso de cirurgias.

- Com o piloto bêbado, a senhora subiria no avião? – indagou o senador.

Para o promotor público Sérgio Harfouche, diferentemente do álcool, os efeitos da maconha seriam menos “visíveis” nesse caso.

- No argumento 'Você seria operado por um médico que estivesse usando maconha?`, o senador perguntou 'E o uso do álcool?`. Bom, quem usa álcool, na primeira golada tem um bafo que dá para saber. A maconha não tem o mesmo efeito. A maconha não tem a mesma visibilidade que o álcool, vamos ser honestos – disse.

Próximo debate

O próximo debate da CDH sobre o tema deve ocorrer no dia 22 de setembro e reunir o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto; o diretor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Joaquim Falcão; a subprocuradora-geral da República Rachel Dodge; e a pesquisadora Maria Gorete Marques de Jesus, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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