Relator espera que Paulo Roberto Costa repita à CPI o que disse na delação premiada

Anderson Vieira e Larissa Bortoni | 10/09/2014, 19h58

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista da Petrobras volta a se reunir próxima quarta-feira (17) à tarde para tentar ouvir o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que já mandou um pedido à Justiça do Paraná para que o ex-funcionário, que está preso, seja trazido a Brasília. No caso de o depoimento efetivamente acontecer, o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), espera que Costa esclareça o que realmente aconteceu na Petrobras.

— O que nós tivemos até agora foram opiniões e casamento de informações. O Paulo poderá trazer as informações verdadeiras, aquelas que efetivamente são ditas por ele durante a delação premiada. Essa é a nossa expectativa — disse.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), por outro lado, não acredita em um depoimento esclarecedor. Aposta que Paulo Roberto Costa vá se recusar a responder aos questionamentos.

- Seja porque uma das obrigações que ele tem para receber o benefício da delação premiada é manter o sigilo e também pelo fato de que qualquer coisa que vaze daqui, com certeza, pode dificultar o próprio processo de investigação que acontece paralelamente. Provas podem ser destruídas, pessoas podem tomar um rumo ignorado. A tendência é que ele vindo, ele não responda.

Delação

Por enquanto, as duas CPIs que funcionam no Congresso para investigar a Petrobras não receberam os depoimentos de Paulo Roberto Costa no acordo de delação premiada feito com o Ministério Público e a Polícia Federal.

O senador Vital do Rêgo informou que o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki já liberou todo o conteúdo do processo e do inquérito resultantes da Operação Lava Jato, mas a delação ainda não chegou.

– Teori Zavascki não nos deu os autos da delação premiada, porque eles não estão no STF. O que fiz foi reiterar o ofício à PGR [Procuradoria Geral da  República], ao juiz titular de Curitiba e ao próprio ministro Teori, solicitando novamente os termos da delação. Também já adotei providências sobre as reclamações de parlamentares de que alguns pedidos de quebra de sigilo foram enviadas à CPMI incompletas – explicou o senador.

O relator Marco Maia lembrou que o procedimento de delação premiada pode durar meses, em função da quantidade de informações que estão sendo passadas por Paulo Roberto.

É uma delação continuada e só é considerada válida depois que são comprovadas todas as informações prestadas, para saber se de fato contribuíram ou não com o processo de investigação. Esse processo de ir e vir, de comprovar, de buscar os elementos comprobatórios pode levar um tempo maior do que gostaríamos – afirmou.

Para o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), o grande trunfo da CPMI foi ter agilizado o acesso às provas da delação premiada. Sampaio espera que Marco Maia esteja errado quanto aos prazos.

- Não é possível que nós tenhamos um cenário em que se fala do envolvimento de senadores e deputados que efetivamente teriam se comprometido com esse esquema de corrupção e que esses nomes não venham à luz antes das eleições – declarou.

Cerveró

Após o depoimento desta tarde (10), Marco Maia disse que Nestor Cerveró não apresentou grandes novidades em relação ao que já havia declarado quando ouvido pela CPI exclusiva do Senado, em maio.

- Eu diria que a principal informação que ele trouxe foi esse questionamento à análise e à decisão tomada pelo Tribunal de Contas da União. O confronto dessas duas opiniões, dessas duas visões, é que serão importantes e fundamentais para o relatório final que nós deveremos produzir ao final da CPI - disse.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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