Presidente da Petrobras reafirma à CPI mista avaliação sobre Pasadena e oposição protesta

Anderson Vieira e Larissa Bortoni | 11/06/2014, 22h10

Em mais de sete horas de depoimento à CPI Mista da Petrobras nesta quarta (11), a presidente da estatal, Graça Foster, repetiu as avaliações feitas em vezes anteriores sobre a compra da refinaria de Pasadena. Ela reconheceu que não foi um bom negócio, mas negou que a unidade estivesse sucateada e ressaltou a importância de duas cláusulas omitidas do documento que serviu de base para que o Conselho de Administração autorizasse a aquisição.

A cláusula put option obrigava a Petrobras a comprar o restante das ações em caso de litígio com a belga Astra Oil e a cláusula Marlim garantia à Astra rentabilidade mínima de 6,9% ao ano.

– Consideramos que diante das opções que temos hoje e das condições de mercado, Pasadena não se mostrou um bom negócio, como projetamos no início – afirmou.

Propina

Sobre denúncias de recebimento de propina por funcionários da empresa para acertar contratos com a SBM Offshore, Graça Foster informou a comissão interna criada para apurar os fatos não encontrou indícios de  irregularidades.

A SBM, que mantém vínculos com a Petrobras desde 1996, é uma das principais afretadoras de navios-plataformas para a companhia brasileira. Segundo Graça Foster, a estatal tem 23 plataformas alugadas, oito delas da SBM.

Abreu e Lima

A executiva rebateu a afirmação feita pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa de que a estatal fez ‘conta de padeiro’ ao estimar o custo da refinaria Abreu e Lima. Em depoimento na terça-feira (10), Costa afirmou que ao divulgar um valor de US$ 2,5 bilhões, em 2005, a Petrobras não tinha o projeto da refinaria, tampouco definições sobre processos licitatórios.

– Eu me nego a repetir esta expressão. Nós não aceitamos que tenhamos feito conta de qualquer maneira – disse Graça Foster.

Segundo ela, as obras já consumiram US$ 15 bilhões, e o valor total deve chegar a US$ 18,5 bilhões. O complexo tem 87% de suas instalações finalizados e deve entrar em operação em novembro. Os valores incluem outros custos, como a construção de rodovia, obras no entorno e adequação do Porto de Suape.

Protestos

No início da audiência, a oposição protestou ao saber que só poderia inquirir Graça Foster depois que o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), fizesse indagações sobre 139 pontos. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) considerou a quantidade de perguntas mais uma estratégia da base governista para inviabilizar as investigações na Petrobras.

- Isso não é CPI. CPI tem enfrentamentos. Sem um questionamento eficiente não se justifica. Na verdade, aqui estão escamoteando a realidade de uma CPI. Não há possibilidade de investigação desta forma - protestou Alvaro.

Para ironizar os governistas, parlamentares da oposição chegaram a distribuir uma “pizza sabor petróleo” durante a reunião.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), rebateu as críticas e disse que o papel do relator é muito similar ao de um delegado de polícia, o que exige que ele aborde todos os pontos de dúvida.

- O que fica demonstrado a cada dia que se passa é que a oposição, até mesmo por comportamentos de absoluta e total falta de seriedade, não quer fazer investigação nenhuma. Quer fazer disputa política e oba-oba, afirmou Humberto.

Requerimentos

A CPI Mista da Petrobras volta a se reunir na próxima quarta-feira (18), às 14h30, para a votação de requerimentos. Já foram apresentados mais de 600 deles e cerca de 380 ainda têm que ser examinados.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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