Cláusulas omitidas não eram 'centrais' para a compra de Pasadena, afirma Zelada

Anderson Vieira | 29/05/2014, 13h15

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada disse que as duas cláusulas omitidas do resumo-executivo que serviu de base para que estatal comprasse a refinaria de Pasadena, em 2006, não eram "centrais para a definição da compra". Ele depôs na manhã desta quinta-feira à CPI que investiga denúncias de irregularidades nos negócios da companhia.

A opinião de Zelada coincide com a de outro diretor já ouvido pela CPI do Senado, Nestor Cerveró, mas contradiz a avaliação da atual presidente da Petrobras, Graça Foster, que disse aos senadores serem "cláusulas extremamente importantes". Em março, quando as primeiras suspeitas sobre o negócio foram divulgadas pela imprensa, a presidente da República, Dilma Rousseff, chegou a afirmar que a compra foi autorizada com base num parecer "tecnica e juridicamente falho". Na época da compra de Pasadena, ela estava à frente do Conselho de Administração da Petrobras.

As cláusulas em questão são a Put Option e a Marlim. A primeira determinava que, em caso de desacordo entre os sócios, a outra parte seria obrigada a adquirir o restante das ações. A segunda garantia à Astra Oil, sócia da Petrobras, um lucro de 6,9% ao ano.

- A cláusula de saída [Put Option] é normal em negócios deste tipo. A Marlim era específica para aquele contrato, mas nem chegou a ser usada - explicou.

Divergências

Zelada disse que houve divergências entre Petrobras e Astra quanto à gestão de uma instalação de grande porte como Pasadena. O ex-diretor evitou falar em valores e disse que não participou diretamente das negociações.

Jorge Luiz Zelada foi sucessor de Nestor Cerveró na direção de negócios internacionais da companhia. Cerveró fez o resumo-executivo que orientou o Conselho de Administração para a compra da primeira metade de Pasadena em 2006; Zelada elaborou o documento para embasar a aquisição dos outros 50% em 2008. Este segundo negócio, no entanto, foi vetado pelos conselheiros da Petrobras.

- Houve mudança no cenário econômico e a descoberta do pré-sal, o que determinou mudança no planejamento estratégico e nas prioridades da empresa - justificou.

A CPI do Senado já ouviu o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli, o ex-diretor Nestor Cerveró e a atual presidente da estatal, Graça Foster. A próxima reunião será na terça-feira (3), quando serão ouvidos o gerente-executivo Internacional Luís Carlos Moreira da Silva, e o diretor de Segurança Empresarial, Pedro Aramis de Lima Arruda.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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