Para relator, novo depoimento de Graça Foster não acrescentou nada a investigações

Larissa Bortoni | 27/05/2014, 16h40

O relator da CPI da Petrobras, José Pimentel (PT-CE), afirmou que o depoimento da presidente da estatal, Graça Foster, nesta terça-feira (27), de nada acrescentou aos trabalhos de investigação. A executiva já havia prestado esclarecimentos em abril durante audiência promovida por comissões temáticas do Senado. Nesta terça (27), ela repetiu a avaliação de que, no cenário atual, a compra da refinaria de Pasadena (EUA) não foi um bom negócio.

Pimentel lembrou que a Petrobras já foi objeto de outra comissão parlamentar de inquérito nos anos de 2009 e de 2010. Além disso, a compra da refinaria de Pasadena é averiguada por órgãos de controle, ressaltou.

- É objeto de investigação do Tribunal de Contas da União. Há 24 processos sobre isso. É objeto de investigação do Ministério Público Federal. É objeto de investigação da Polícia Federal. Portanto, o que estamos fazendo aqui é cumprir uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que determinou a instalação desta CPI, com os quesitos apresentados pela oposição. Não há qualquer fato novo - insistiu.

Nesta quarta-feira (28), deve ser instalada a CPI Mista da Petrobras, com participação de senadores e deputados, vista pela oposição como uma oportunidade de investigar as denúncias mais a fundo.

Avaliação

No depoimento desta terça, Graça Foster repetiu à CPI o que já havia afirmado nas outras duas vezes em que esteve no Congresso Nacional este ano – uma no Senado e outra na Câmara. Ela afirmou que, apesar de fazer parte de uma estratégia da Petrobras à época, de expandir os negócios no exterior, a compra da refinaria de Pasadena não foi um bom investimento.

- É fato e os números mostram hoje: não foi um bom negócio. No futuro próximo, é possível que haja melhorias, mas não seria feito novamente com as projeções e estratégias atuais.

A presidente da Petrobras também disse que as duas cláusulas - Marlim e put option - que não faziam parte do resumo executivo apresentado ao Conselho Administrativo da Petrobras que autorizou a compra de Pasadena eram muito importantes e não podiam ser omitidas. Graça Foster, no entanto, assegurou que toda a direção da estatal é responsável pelo negócio, evitando apontar culpados.

- A responsabilidade da compra da Refinaria de Pasadena é da Diretoria da Petrobras, que fez uma apresentação ao Conselho de Administração. Nos dois casos, tanto na Diretoria da Petrobras quanto no Conselho de Administração, todos nos manifestamos 100% favoráveis à aquisição. É uma responsabilidade do colegiado.

Na semana passada, o diretor da Área Internacional da Petrobras na época do negócio, Nestor Cerveró, responsável pelo resumo executivo, negou ter "enganado" o Conselho de Administração ao omitir as cláusulas.

Suborno e segurança

Quanto às denúncias de que a empresa holandesa SBM Offshore pagou propina a funcionários da Petrobras, Graça Foster afirmou que uma comissão interna não encontrou provas. Havia suspeita de pagamento de US$ 139 milhões a empregados da estatal. Além disso, segundo ela, a empresa não responde a processos judiciais na Holanda.

- Nós apuramos os contratos e aditivos para ver se estavam corretos, se atendiam a todos os princípios corporativos da companhia. Foi demonstrado que sim, que esses contratos estavam corretos e conforme as nossas regras, o nosso regramento corporativo.

Graça Foster também negou que a Petrobras adote práticas que comprometam a segurança dos funcionários. Um dos objetos de investigação da CPI é a alegação de que a estatal estaria mandando plataformas ao mar inacabadas e sem equipamentos obrigatórios.

De acordo com a presidente, os programas de redução de custos em curso não comprometem a segurança das instalações.

- Em 2013 tivemos historicamente o menor número de fatalidades. Isso vem dos muitos recursos que colocamos em segurança, meio ambiente e saúde.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: