Petrobras: Cerveró nega ter ocultado informações e isenta Dilma de responsabilidade

Larissa Bortoni | 22/05/2014, 17h10

Em audiência com poucos senadores e mais uma vez boicotada pela oposição, o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró assegurou à CPI do Senado que não enganou Dilma Rousseff ao omitir cláusulas em documento sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. O resumo executivo elaborado por Cerveró teria embasado a decisão do Conselho de Administração da estatal, à época presidido por Dilma, de aprovar o negócio.

Cláusulas não mencionadas no resumo, conhecidas como Marlin e put option, resultaram em despesas milionárias para a Petrobras. Em março, Dilma afirmou, em nota à imprensa, que teria votado a favor da compra da refinaria com base em parecer "falho".

- Foi-me perguntado se eu teria enganado a então presidente do Conselho de Administração. Não. É evidente que não. É extremamente injusto, depois de quase 40 anos de Petrobras, esse tipo de consideração, de eu ter enganado. Para mim, é inaceitável - disse Cerveró nesta quinta-feira (22).

O ex-diretor também afirmou que Dilma Rousseff não foi a responsável pela compra de Pasadena. Ele deixou claro que a operação se justificou pela estratégia da empresa, na época, de se expandir no exterior. Além disso, repetiu a avaliação feita pelo ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, de que a operação de compra de Pasadena foi um bom negócio para a empresa.

- Não há responsável individual. Nem a presidente, nem qualquer outro conselheiro é responsável individualmente pela compra de qualquer ativo, ou venda de qualquer ativo. Somos todos nós responsáveis pela compra de Pasadena, que foi uma compra acertada. Isso é importante e eu quero deixar registrado: essa compra foi acertada.

Acusações à imprensa

O ex-diretor da Petrobras criticou o que chamou de especulação dos meios de comunicação quanto aos valores gastos com a compra de Pasadena. Ele confirmou que a refinaria custou à Petrobras US$ 1,2 bilhão, mas negou que a belga Astra Oil tenha tido um lucro considerável com a operação.

Segundo Cerveró, antes da negociação com a estatal brasileira, a Astra havia comprado Pasadena da Crown Refinery por US$ 360 milhões e não por US$ 48 milhões, como noticiado. Ele reiterou que as cláusulas Marlin e put option são usuais em operações deste porte.

- Não as considero leoninas. Se fossem leoninas, seriam danosas à companhia. Elas não foram. A Marlin, indiscutivelmente, não foi e a put option é uma condição de saída, condição normal, negociada, que não foi imposta, nem para um lado nem para outro - explicou.

Sem novidades

O relator da CPI da Petrobras, José Pimentel (PT-CE), disse que o depoimento de Nestor Cerveró pouco acrescentou às investigações sobre possíveis irregularidades na compra de Pasadena. Ele afirmou que o negócio já foi objeto de apuração de outra comissão parlamentar de inquérito, em 2009, e lembrou que há outras averiguações em andamento.

- Isso já foi objeto de uma CPI em 2009 e nós temos um conjunto de dados sobre Pasadena apurados pelos órgãos de fiscalização no Brasil. Esta CPI não traz nenhum fato novo sobre Pasadena, porque já foi investigada em uma CPI em 2009. Além disso, é objeto de uma investigação no Tribunal de Contas da União. É uma CPI que já tem um conjunto de investigações feitas ao longo dos últimos quatro anos - afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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