Sessão destaca estabilidade e aumento da renda nos 20 anos do Plano Real

Iara Guimarães Altafin | 25/02/2014, 15h50

Com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o Congresso Nacional celebrou nesta terça-feira (25) os 20 anos de lançamento do Plano Real, em sessão solene conduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.

Ao abrir a sessão, Renan homenageou o ex-presidente Itamar Franco, falecido em 2011, em cujo governo foi criado o Plano Real e saudou Fernando Henrique, ministro da Fazenda à época do lançamento do plano. Em seu discurso, Renan lembrou o contexto de hiperinflação de duas décadas atrás e destacou seus efeitos sobre os salários.

– Quem mais perde com ela [inflação] são os mais pobres, apesar dela afetar a vida de todos, dificultando qualquer tipo de planejamento, a curto, a médio ou a longo prazo – disse, ao destacar os avanços do país em decorrência da conquista da estabilização econômica.

Antes do lançamento do Plano Real, em fevereiro de 1994, o país enfrentava uma inflação mensal de 46,58%. No ano anterior, chegou a acumular 2.477% e, em 1990, havia atingido o recorde de 6.821% ao ano.

Como lembrou Aécio Neves (PSDB-MG), que sugeriu a sessão solene, havia ainda a descrença pelo fracasso de sucessivos planos econômicos e mudanças de moedas, para conter a inflação. Nas duas décadas que antecederam o Real, a moeda brasileira mudou cinco vezes: Cruzeiro (1970 a 1986), Cruzado (1986 a 1989), Cruzado Novo (1989 a 1990), novamente o Cruzeiro (1990 a 1993) e por fim o Cruzeiro Real (1993 a 1994).

Transição sem surpresas

Para ser bem sucedido, disse Aécio Neves, o Plano Real buscou evitar os erros cometidos nas tentativas anteriores.

– Não houve congelamento de preços, não houve “pacotaços”, tampouco houve surpresas. O Plano Real fez da descrença nos planos econômicos e na suposta fragilidade política de um governo de transição a sua maior força – disse.

Ao falar aos senadores, Fernando Henrique Cardoso também destacou a construção política envolvida na elaboração do Plano Real, para evitar surpreender os brasileiros com mudanças súbitas na gestão da economia.

– Ao invés de surpreendermos o país com medidas que apareceriam no Diário Oficial informando que a taxa de câmbio mudou, que a poupança foi confiscada, que a taxa de juros mudou, nós iríamos dizer, com antecipação, o que iríamos fazer – contou FHC.

A postura democrática do então ministro da Fazenda e depois presidente da República foi ressaltada pela senadora Ana Amélia (PP-RS), que elogiou a capacidade de diálogo de Fernando Henrique Cardoso desde a fase de planejamento do Plano Real.

Já o senador José Agripino (DEM-RN) disse ser necessário mostrar à nova geração a importância da manutenção da estabilidade da economia.

– Talvez seja o momento certo de fazer a reflexão a esses jovens, para darem valor ao fim da inflação e conhecerem o mérito de quem teve o mérito para fazer o que foi feito.

No mesmo sentido, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) disse que o Congresso celebrava, com a sessão solene, um programa que deu aos trabalhadores brasileiros melhor qualidade de vida e mais tranquilidade para construir o futuro.

Também participaram da sessão solene os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Sérgio Petecão (PSD-AC), os deputados federais Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Mendes Thame (PSDB-SP), além do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e do economista Edmar Bacha, que integrou a equipe responsável por desenvolver o Plano Real.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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