Senadores participam de cerimônia em homenagem a Jango

Da Redação | 14/11/2013, 14h30

 

Os restos mortais do ex-presidente João Goulart chegaram, no fim da manhã desta quinta-feira (14), à Base Aérea de Brasília, onde foram recebidos com honras de chefe de Estado, em cerimônia que contou com a participação da presidente da República, Dilma Rousseff, dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor de Melo e José Sarney, do presidente do Senado, Renan Calheiros, e de vários outros senadores, além de deputados e ministros.

Devido a um atraso no trabalho de exumação em São Borja (RS), a urna chegou por volta de 11h30 à capital federal, uma hora e meia após o horário previsto. Na Base Aérea, a urna foi recebida com uma salva de tiros e a execução do Hino Nacional. De lá, foi conduzida, numa van sob escolta, ao Instituto Nacional de Criminalística (INC), onde serão feitas coletas para a realização de mais exames, inclusive antropológico e de DNA.

 Isso [exumação] é fundamental para a recomposição da verdade histórica. O próximo passo é o Congresso Nacional anular a triste sessão de 1º de abril de 1964, que declarou vaga a Presidência da República. Já obtivemos o compromisso dos líderes e do presidente do Senado e tenho certeza de que assim o faremos na próxima terça-feira [19], aprovar o projeto de resolução que restaura a justiça - afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Renan é um dos 27 senadores que assinaram o projeto de resolução que anula a sessão do Congresso Nacional de 1º de abril de 1964. Naquele dia, o Poder Legislativo declarou vaga a presidência, apesar de o presidente Jango estar em território nacional, no Rio Grande do Sul, em local conhecido. A sessão serviu para legitimar a subida dos militares ao poder.

O presidente do Senado considera a aprovação do projeto “uma questão de justiça” e propôs aos líderes que ele seja apreciado diretamente pelo Plenário do Congresso Nacional já no dia 19 de novembro. A sugestão é para acelerar a tramitação da proposta.

Na opinião de Randolfe, comprovado o assassinato de Jango, ficará claro que as ditaduras latino-americanas se uniram para praticar crimes e aniquilar lideranças políticas.

O que está sendo exumado não é só o ex-presidente, mas as entranhas de um período da história brasileira que não pode se repetir - afirmou.

Emocionada, a presidente Dilma manteve-se ao lado da viúva de Jango, Maria Tereza Goulart. Juntas, depositaram uma coroa de flores no caixão. Pelo Twitter, a presidente disse que a solenidade é uma “afirmação da democracia no Brasil”.

Também participaram da solenidade os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Eduardo Braga (PMDB-AM), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Acir Gurgacz (PDT-RO), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), José Pimentel (PT-CE) e Eduardo Suplicy (PT-SP) e João Capiberibe (PSB-AP).

Exumação

A exumação dos restos mortais de João Goulart terminou na madrugada desta quinta-feira, depois de mais de 18 horas de trabalho, envolvendo 12 peritos, incluindo profissionais de Cuba, Argentina e Uruguai.

Essa foi a primeira exumação de um ex-presidente no Brasil. Jango morreu no exílio, na Argentina, em 1976. A causa oficial da morte foi infarto, mas a família acredita na hipótese de que ele tenha sido envenenado, com a participação do governo militar. Na época, o presidente era Ernesto Geisel. Desde 2007, o Ministério Público Federal (MPF) investiga essa possibilidade. Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) passou a colaborar com as investigações.

No próximo dia 6 de dezembro, a morte do presidente completará 37 anos, e os restos mortais serão reconduzidos ao mausoléu da família no cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja para serem novamente enterrados.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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