Crise no grupo EBX não causou prejuízos ao BNDES, afirma Coutinho

gorette-brandao | 27/08/2013, 18h20

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou que até o momento a instituição "nada perdeu" com empréstimos concedios às empresas do grupo EBX, do empresário Eike Batista. Coutinho disse ainda acreditar que as dívidas serão solucionadas e os empreendimentos de Eike voltarão a ser capitalizados, com a normal continuidade dos empreendimentos.

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (27), Coutinho disse que as empresas do grupo financiadas com empréstimos do banco já estão inclusive em fase de transferência do controle acionário para atuais ou novos sócios, com compromisso de aporte de recursos. Com relação a investimentos diretos, por meio de aquisição de ações via BNDESPar, salientou que a participação é pouco expressiva.

- Temos potencial de ganhar nas empresas mais sólidas e esses resultados poderão absorver perdas pontuais de pequena escala. E, mesmo assim, essa perda é teórica e esperamos que ela não aconteça – continuou.

No caso da OGX, a empresa apontada como a fonte das dificuldades enfrentadas pelo empresário, Coutinho declarou que não houve apoio financeiro do BNDES. Com atuação na exploração de petróleo e gás, a OGX contou com recursos captados no mercado por meio de bônus e ações, observou o presidente do BNDES.

Coutinho falou por cerca de quatro horas aos parlamentares, atendendo a requerimento da senadora Ana Amélia (PP-RS). Tendo o cuidado de dizer que não falava nada mais do que já é “arquiconhecido” publicamente, ele comentou que a “frustração” do projeto da OGX levou ao quadro adverso enfrentado pelo grupo.

Para Coutinho, no entanto, o processo de renegociação das dívidas está avançando. A seu ver, tudo aponta para um desfecho positivo via mercado, graças à qualidade dos ativos dos demais empreendimentos do grupo empresarial liderado por Eike Batista.

- Confiamos que, graças à qualidade intrínseca dos ativos do grupo, o processo de reestruturação será concluído e que as dívidas serão equacionadas com a entrada de novos investidores – reforçou.

Sem privilégios

Somente ao BNDES, o grupo deve montante estimado em R$ 10,4 bilhões. Um dos objetivos da audiência foi buscar esclarecimentos sobre os empréstimos concedidos, inclusive sobre denúncias de que o empresário teria sido privilegiado pelo banco. O presidente do BNDES reiterou em diversos momentos que as operações com empresas do Grupo EBX tramitaram normalmente, seguindo todas as instâncias de análise até chegar à esfera de decisão da diretoria. Também frisou que todas estão apoiadas em garantias reais, além de fianças bancárias e outras de emissão dos próprios controladores.

- Posso afirmar que estamos em posição extremamente confortável, que estamos muito bem garantidos em todas essas operações – tranquilizou.

Antes mesmo das sucessivas perguntas sobre o tema, Coutinho já havia esclarecido que os empréstimos ao grupo EBX se concentravam em empresas de energia e de logística. No caso da MPX, que conduz sobretudo usinas de geração térmica, em construção ou operação, ele observou outros bancos também financiaram a empresa, cujo controle está em via de transferência para a E.ON, a sócia alemã, que aumentará seu capital.

– Esse processo já equaciona parcela significativa da dívida do grupo – observou.

Como lembrou Coutinho, também já foi noticiado que está igualmente em negociação a transferência do controle da LLX, empresa responsável pela implantação do Porto de Açu, no Rio de Janeiro. O interessado seria um grande fundo de longo prazo que tem interesse em assumir e concluir o projeto. Finalmente, citou a MMX, do setor de mineração, já com várias empresas interessadas na aquisição, ainda de acordo com Coutinho.

- O que acreditamos é que a conclusão desse processo permitirá equacionar a esmagadora maioria da dívida do grupo e, certamente, a totalidade das dívidas em relação ao BNDES – considerou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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