Requião reprova postura diferente da mídia ao tratar viagens de ex-presidentes

Da Redação | 01/04/2013, 16h20

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou a mídia do país, em discurso nesta segunda-feira (1º), por condenar as viagens internacionais realizadas pela presidente Dilma Rousseff e pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que os jornais, principalmente a Folha de S. Paulo, reprovam as viagens do ex-presidente petista, mas exalta a mesma prática quando adotada pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. A mídia, avaliou, tem cumprido "com maestria” seu papel de líder e guia da oposição no país.

- Há os escândalos reais, verdadeiros, que envolvem, por exemplo, os leilões da Agência Nacional do Petróleo, as concessões sem precedentes às empresas de telefonia, a monumental pizza que foi a CPI do Cachoeira, que nos impediu de lançar uma réstia de luz sobre o tenebroso mundo das empreiteiras, a privatização dos portos. Desses escândalos, desses atentados brutais à soberania brasileira a mídia e seu braço parlamentar não querem saber. Eles querem saber das viagens do Lula e da viagem da Dilma ao Vaticano - lamentou.

Requião leu na tribuna artigo publicado no dia 24 de março, no blog do jornalista Luís Nassif, em que o autor, Hugo Carvalho, lista as viagens internacionais de FHC e suas motivações. Sob o título de “As viagens de FHC e Lula e a escandalização seletiva”, o texto aponta que o ex-presidente tucano tem feito viagens custeadas por grandes empresas beneficiadas em seu governo e, em suas palestras, fala mal do país.

De acordo com o artigo, empresas patrocinam palestras do líder político e contribuem com recursos para o instituto que leva seu nome e destina-se a preservar sua memória. Em contrapartida, afirma o texto, a presença do ex-presidente ajuda as empresas patrocinadoras a captar investimentos e ganhar mercados. Essas viagens, no entanto, ressaltou Requião, ganham na grande mídia repercussão diferente das viagens feitas pelo ex-presidente Lula.

- A Folha sugere ao Ministério Público que promova uma ação para alguém devolver gastos indevidos com horas extras de motoristas e deslocamento de funcionários nas embaixadas por onde Lula passou. Mas não se comove com o fato de a estatal paulista Sabesp ter pingado R$ 500 mil na caixinha do Instituto FHC – disse Requião, citando parte do texto publicado no site de Luís Nassif.

O artigo lido pelo senador ressalta ainda que Fernando Henrique, em suas palestras, tem feito críticas duras à política econômica adotada no país. O ex-presidente teria dito durante as viagens que a corrupção cresceu no Brasil, que baixar a taxa de juros pode ter consequências negativas para o país e que avanços implementados em sua gestão não estariam tendo continuidade. A propaganda do país no exterior, então, estaria sendo mais negativa do que positiva.

Na avaliação do senador, a Folha “perdoa” tudo o que é feito pelo ex-presidente sociólogo, mas não dá o mesmo tratamento ao presidente torneiro mecânico. Seria "o medo da aristocracia brasileira do crescimento das classes mais pobres, promovido pelo Lula e ampliado pela presidente Dilma".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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