Aloysio Nunes Ferreira: resultado da Petrobras é 'infeliz e constrangedor'

Da Redação | 05/02/2013, 19h50

Em pronunciamento nesta terça-feira (5), o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que a Petrobras apresentou um resultado fiscal “infeliz e absolutamente constrangedor”, que contrasta com as perspectivas otimistas da mensagem da presidente Dilma Rousseff, lida na abertura do trabalhos legislativos na tarde anterior.

- Não é novidade que, desde que se iniciou a gestão petista, a Petrobras nunca cumpriu as metas de produção a que se propôs. A cada meta frustrada, deixa de realizar lucros e vai perdendo valor – criticou, ressaltando que o lucro da estatal em 2012 caiu 36% em relação a 2011, o que se constitui na maior queda anual em 60 anos da empresa.

Aloysio Nunes ressaltou que a Petrobras tem tido dificuldade crescente de captar dinheiro para fazer frente a um plano de investimentos necessário ao país. Em 2012, afirmou, a dívida líquida da empresa teve aumento de 43% em relação ao ano anterior, o que pode provocar o adiamento de projetos como a construção de refinarias no Maranhão e no Ceará.

- Vamos continuar importando gasolina por preço maior que o obtido na venda no mercado interno – afirmou.

O senador apontou ainda que a gestão “muito ruim” da Petrobras deve-se em parte ao aparelhamento político das suas diretorias e a utilização da empresa como instrumento de política econômica para conter inflação, assim como os governos militares fizeram com as empresas estatais, o que resultou em crise fiscal.

Aloysio Nunes comparou a situação da Petrobras com suas concorrentes estrangeiras, que mesmo no quadro de crise econômica global obtiveram bons resultados.

- No ano passado, o barril de petróleo, que é cotado a mais de US$ 100, permitiu a companhias como a Exxon, a Royal Dutch – a Shell –, e a Chevron apresentarem aumento de lucro de 6%, 3% e 41%, respectivamente, nas mesmas condições adversas da economia internacional que nós enfrentamos - afirmou.

Gestão de Gabrielli

O senador disse ainda que a Petrobras agiu como um “caipira endinheirado na cidade grande” ao fechar, durante a gestão de Sérgio Gabrielli, a compra de refinaria sucateada de uma empresa belga nos Estados Unidos, em operação que resultou em prejuízo superior a um bilhão de dólares para a estatal, a partir de um acordo desfavorável à companhia brasileira.

- A Petrobras fez o papel do caipira que caiu no conto do vigário. Não incorreu apenas em ingenuidade. Há coisa mais grave nisso aí – disse, explicando que, já na gestão de Graça Foster, a estatal conseguiu vender por apenas US$ 180 milhões uma empresa que dera prejuízos de mais de US$ 1 bi.

À época do problema com a empresa belga, disse o senador, a presidente Dilma Rousseff, então ministra chefe da Casa Civil, presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Segundo Aloysio Nunes, "Dilma não gostou da história", mas não pôde evitar o prejuízo.

Orçamento

Aloysio Nunes também rebateu informações de que a votação do Orçamento de 2013, que teve sua votação novamemente adiada nesta terça-feira, dependa da oposição. Ele disse que esse é um “problema do governo”, que dispõe de “maioria oceânica” de parlamentares em sua base, o que inclui “ministérios, cargos e emendas”.

- Vamos pedir verificação, mas o governo tem ampla maioria para aprovar [o Orçamento] – afirmou.

Aloysio Nunes disse ainda que o relator do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), “fez um trabalho bem feito, ouviu a oposição, acatou emendas do ponto de vista parlamentar e não há polêmica nessa questão”.

- O problema do governo é um problema de quórum. Melhor dizendo, de falta de confiança política do governo na sua base parlamentar, especialmente em relação a algumas matérias sensíveis, como royalties do petróleo, como fator previdenciário, como Emenda 29, e assim por diante. Então, não queiram empurrar para o PSDB um problema que é do governo.

Em aparte, o senador Cyro Miranda (PSDB-GO) parabenizou Aloysio Nunes Ferreira pelo discurso. Já o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que “não se pode votar nada” enquanto não forem apreciados os vetos presidenciais que se acumulam no Congresso. Requião discordou que haja mais de tres mil vetos à espera de exame, conforme estaria sendo divulgado em um “espetáculo midiático”. Ele afirmou que os vetos limitam-se a 223 projetos de lei.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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