CPI do Cachoeira decide na próxima semana sobre prorrogação dos trabalhos

Isabela Vilar | 11/10/2012, 16h40

É esperada para a próxima terça-feira (16), após reunião de líderes, uma definição sobre a prorrogação dos trabalhos da CPI do Cachoeira. O prazo final da CPI é o dia 4 de novembro, mas integrantes da comissão já começaram a coleta de assinaturas para tentar uma prorrogação. O argumento é de que ainda há mais de 500 requerimentos para serem apreciados.

O movimento pela prorrogação da CPI foi anunciado na última terça-feira (9) pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). A decisão veio após o jornal Folha de S. Paulo ter publicado a matéria segundo qual haveria um acordo para o encerramento da CPI, o que gerou protestos especialmente dos parlamentares de oposição. A prorrogação depende das assinaturas de um terço dos integrantes da Câmara e do Senado, 171 deputados e 27 senadores.

Após a polêmica sobre o adiamento, o relator da CPI, senador Odair Cunha (PT-MG), afirmou que a comissão tem "prazo certo" e que, enquanto não for aprovada uma prorrogação, trabalhará com o prazo atual, 4 de novembro. Cunha garante ter “elementos fortes e contundentes” sobre o trabalho da organização criminosa.

- Não é verdade que se os trabalhos não forem prorrogados os fatos não serão investigados. Não vou antecipar o relatório, mas muito já foi feito. Com as informações que nós temos hoje na CPI mista, já podemos produzir um relatório consistente — disse Odair Cunha.

O resultado da reunião de líderes deve influenciar a votação dos 506 requerimentos que ainda precisam ser apreciados pela comissão, marcada para a quarta-feira (17) às 10h15. Entre os pedidos a serem analisados estão convocações e quebras de sigilo de empresas que seriam ligadas à organização criminosa que foi alvo da operação Monte Carlo. Mas os requerimentos podem não resultar em informações úteis à CPI, já que elas dificilmente chegariam antes do dia 4 de novembro.

Novas convocações

Na lista de requerimentos que aguardam o exame dos membros da CPI há pedidos para a convocação do ex-ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB); e de Antônio Pires Perillo, que é irmão do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Também pode ser convocado o deputado e ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, José de Filippi Júnior (PT-SP), que, segundo o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, teria pedido uma relação de empreiteiras, possíveis doadoras à campanha petista em 2010.

Há dois pedidos, protocolados na última semana, para a convocação do presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), José Alberto Pereira Ribeiro. Os parlamentares querem apurar denúncia de fraude em licitações por meio da combinação prévia entre as empresas. Outros pedidos objetivam a convocação de sócios de empresas apontadas pela Polícia Federal como “laranjas” da organização.

Quebras de sigilo

Várias dessas empresas podem ter os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados. As empresas Galula Empreendimentos e Participações e Diluca Hotelaria e Turismo também podem ter o sigilo fiscal quebrado. De propriedade do secretário de Planejamento de Goiás, Giuseppe Vecci, as empresas teriam emprestado mais de R$ 1,2 milhão a Marconi Perillo, em 2007 e 2008. Os valores, no entanto, não teriam sido devolvidos, o que pode indicar uma tentativa de dissimular crescimento patrimonial.

Além disso, há pedidos de informações a empresas que de acordo com a PF receberam dinheiro da Delta Construções. Assim como requerimentos à Receita Federal para a obtenção de endereços de computadores que enviaram declarações de Imposto de Renda e ainda pedidos de compartilhamento de informações.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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