Paulo Davim faz alerta sobre desinteresse dos médicos pela pediatria

Da Redação | 08/08/2012, 17h45

O senador Paulo Davim (PV-RN) advertiu o país sobre a grave situação da pediatria no Brasil. Poucos médicos se interessam pela especialidade, uma das mais importantes. Relatando conversa que teve com o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Eduardo da Silva Vaz, o senador – que também é médico – enumerou uma série de providências que precisam ser tomadas com urgência.

De acordo com ele é preciso instalar atendimento ambulatorial de rotina para crianças nos pronto-socorros; ter a presença de um pediatra nas equipes de Programa de Saúde da Família; valorizar a puericultura (cuidados básicos com crianças de cinco anos ou menos); e estimular novos médicos a escolher essa especialidade, fazendo com que também deixem as grandes cidades em busca das menores.

- É importante olhar com mais zelo e cuidado para assistência à criança. Daqui há pouco praticamente não teremos pediatras, e, então, as crianças brasileira serão atendidas por quem?

Ele tomou grande parte do pronunciamento feito no Plenário na tarde desta quarta-feira (8) explicando os motivos da falta crônica de pediatras nas cidades distantes das grandes metrópoles. De acordo com ele há 36 mil pediatras no Brasil, a maior parte trabalhando nos grandes centros urbanos, onde é possível ganhar melhor, em condições mais dignas e seguras. Três em cada quatro profissionais dessa área, segundo ele, são mulheres.

- Os pediatras estão mal distribuídos pelo interior e muitos estão insatisfeitos porque as condições de trabalho são inadequadas e há sobrecarga de horas – denunciou Davim.

Ele lamentou o fato de há 15 dias ter sido fechada uma unidade de urgência em pediatria no Rio Grande do Norte por falta de médicos dessa especialidade para cumprir a escala, já que parte da equipe se aposentou e não houve substituição. Segundo ele, o problema no Rio Grande do Norte existe também em outros estados.

Davim contou que a demanda de crianças no sistema público de saúde é muito grande, porque 83% das crianças brasileiras dependem dos hospitais públicos, e apenas 17% são aparadas assistência ao plano de saúde. Ele também destacou o considerável índice de mortalidade infantil, com média 15,6 mortes por mil nascidos vivos, mas chegando a 30 por mil em algumas regiões.

Também médico, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) fez um aparte ao pronunciamento de Paulo Davim confirmando que a pediatria não é uma área cobiçada por novos médicos por causa de baixa remuneração e falta de condições de trabalho.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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