Ex-mulher de Cachoeira aceita depor em sessão secreta, mas não responde à maioria das perguntas

Anderson Vieira | 08/08/2012, 15h55

Mesmo amparados por habeas corpus garantindo-lhes o direito de permanecer em silêncio, os dois convocados para depor na CPI do Cachoeira nesta quarta-feira (8) resolveram falar, surpreendendo os próprios integrantes da comissão.

A ex-mulher de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Andréa Aprígio, depôs por pouco mais de 10 minutos para negar qualquer envolvimento com negócios ilícitos do ex-marido. Depois, aceitou participar de uma sessão fechada, sem a presença da imprensa, quando se recusou a responder as principais perguntas.

O contador Rubmaier Ferreira de Carvalho, por sua vez, disse que teve seu nome usado indevidamente, mas admitiu ter feito a constituição da Brava Construções, apontada como empresa de fachada pela Polícia Federal.

Emoção

Andréa Aprígio foi a primeira a prestar depoimento. Em tom emocionado, pediu respeito à privacidade dela e da família e disse que os filhos estão sofrendo com a exposição da mídia e com a ausência do pai, preso desde 29 de fevereiro. Ela começou citando um ditado da avó, segundo o qual, mesmo separada do bicheiro, ela será sempre a ex-mulher dele.

Segundo Andréa Aprígio, a única relação quem mantém com Cachoeira é de cordialidade, baseada num vínculo familiar.

– Sempre respeitei a inteligência e dinamismo de Carlos, mas tínhamos vidas profissionais distintas. Só posso responder pelo que conheço e pela minha conduta.  Estou num momento desconfortável com exposição de minha imagem e de minha família – afirmou.

A ex-mulher de Cachoeira se disse defensora de “valores éticos, morais e cristãos”. Alegou que seu patrimônio é fruto de partilha de bens de uma separação consensual homologada em juízo e também fruto do próprio trabalho, visto que é engenheira civil e advogada.

– Minhas empresas são acusadas equivocadamente de serem canais de articulação ilícita, o que deixa indignados todos os que se empenham no crescimento delas – reclamou, referindo-se ao laboratório famacêutico Vitapan, a uma construtora e a uma fundação, todos com sede em Goiás.

Terminado o discurso, os parlamentares discutiram se Andréa  deveria ou não ser dispensada de responder as perguntas dos parlamentares. Depois de um rápido acordo com o advogado da testemunha, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), transformou a reunião em secreta.

Ainda assim, Andréa Aprígio não respondeu à maior parte das indagações, entre as quais as que diziam respeito à evolução patrimonial das empresas dela, detalhe que não prejudicou o trabalho da comissão, na opinião de Vital do Rêgo:

– Os membros da CPI são extremamente hábeis, fazendo o que chamamos em direito de um interrogatório negativo – afirmou o senador ao deixar a sala de reuniões.

Uso indevido de nome

Num plenário já esvaziado, o segundo a depor nesta quarta-feira foi Rubmaier Ferreira de Carvalho, que negou ser contador das empresas Alberto & Pantoja e Adécio & Rafael Construção e Terraplenagem, apontadas pela Polícia Federal como companhias de fachada usadas para lavar dinheiro da organização comandada por Carlinhos Cachoeira.

A mesma negativa foi feita em relação à Alberto & Pantoja. Entretanto, Rubmaier admitiu ter registrado a Brava Construções, empresa que também teria recebido recursos da Delta Construções. Ele negou, porém, ter atuado como contador da companhia. O depoente também disse desconhecer que o local indicado como sede da Brava é na verdade uma borracharia, conforme a Polícia Federal investigou.

O contador acha que teve o nome usado indevidamente por algum de seus clientes ou mesmo funcionário de seu escritório de contabilidade, em Brasília. Ao ser indagado sobre R$ 2,3 milhões que teria recebido entre julho e agosto de 2005 pela Qualix S.A., ele preferiu usar o direito de ficar em silêncio.

A CPI voltará a se reunir na próxima terça-feira (14) para votação de requerimentos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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