Humberto Costa: Demóstenes “faltou com a verdade; seu passado o condena”

Ricardo Koiti Koshimizu | 11/07/2012, 12h00

Ao defender o parecer em que recomenda a cassação do mandato de Demóstenes Torres (DEM-GO), o senador Humberto Costa (PT-PE) reafirmou que o acusado “faltou com a verdade, praticou irregularidades graves no desempenho de seu mandato, abusou de prerrogativas asseguradas a membros do Congresso Nacional e se beneficiou com vantagens indevidas”.

– Não temos recall no Brasil para esse tipo de caso. Mas se os eleitores de Goiás soubessem das relações perigosas de Sua Excelência, será que o teriam enviado para cá? Creio que não – declarou o senador.

Humberto Costa fez essas afirmações na manhã desta quarta-feira (11), antes da votação do pedido de cassação.

Ao repetir que Demóstenes utilizou o mandato para defender os interesses do contraventor Carlos Augusto Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira, Humberto Costa citou diversos pontos apresentados em seu parecer para justificar o pedido de cassação.

Um deles foi o caso do aparelho de celular e rádio da marca Nextel doado por Cachoeira a Demóstenes. Humberto Costa lembrou que o contraventor ofereceu esse tipo de aparelho “a um seleto grupo de pessoas que compunha a cúpula da organização criminosa comandada pelo contraventor”.

– Isso não quer dizer que Demóstenes fosse integrante da cúpula. Mas os aparelhos Nextel eram usados para tratar dos assuntos dessa organização criminosa – frisou.

O senador também mencionou o diálogo em que Demóstenes avisa Cachoeira sobre uma operação da Polícia Federal de combate a jogos de azar no estado de Goiás. Humberto Costa explicou que, nesse caso, a operação era uma simulação que tinha justamente o objetivo de descobrir quem estava vazando informações sobre as ações da polícia.

Humberto Costa reiterou que Demóstenes mentiu quando disse, no Plenário do Senado, que sua relação com Cachoeira possuía somente caráter pessoal e que o principal assunto de suas conversas se referia a uma crise conjugal.

–Em mais de 300 ligações telefônicas, não há qualquer referência a uma crise conjugal – ressaltou.

E, ao refutar a alegação de Demóstenes de que não conhecia as atividades ilícitas de Cachoeira, Humberto Costa recordou que o senador acusado já foi procurador-geral de justiça e secretário de Segurança Pública de Goiás, além de ter sido integrante da CPI dos Bingos (que apontou o envolvimento de Cachoeira em diversos crimes, como o de formação de quadrilha).

– Quem julga somos nós. Mas quem condena [Demóstenes] é o seu passado – declarou Humberto Costa.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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