Ferraço diz que relação de Demóstenes e Cachoeira não era só de amizade

Da Redação | 11/07/2012, 13h25

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) afirmou que ninguém em sã consciência pode acreditar que Demóstenes Torres (sem partido-GO) desconhecia as atividades ilegais de Carlinhos Cachoeira e mantinha com ele apenas uma despretensiosa relação de amizade. No julgamento do senador goiano, disse Ferraço, está em jogo não apenas o mandato de um parlamentar, mas a reputação do Senado Federal.

- O Senado é uma instituição que tem as suas contradições, mas que está acima de todos nós. Nós legisladores passamos, a instituição permanece. Nós não temos o direito de macular a imagem do Senado da República, colocando o mandato que exercemos a serviço de atividades estranhas à atividade parlamentar – afirmou.

Ferraço disse que os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Pedro Taques (PDT-MT), relatores do processo no Conselho de Ética e na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ), produziram pareceres com a mais absoluta lisura, respeitando os prazos processuais, regimentais e constitucionais, dando amplo direito de defesa a Demóstenes.

O senador apresentou o que a Constituição e o Regimento Interno do Senado definem como quebra de decoro: o abuso das prerrogativas asseguradas aos membros do Congresso Nacional e a percepção de vantagens indevidas.

- Inegavelmente decoro é comportamento, é imagem pública, é honra, é dignidade, é obrigação moral e ética – disse o senador.

Para Ricardo Ferraço, é muito difícil fazer o julgamento de um senador eleito por uma votação tão expressiva - mais de dois milhões de votos - e que gozava de elevada reputação e credibilidade. Político, que segundo Ferraço, chegou a ser apontado até mesmo pela revista Época, como um dos brasileiros mais influentes no ano de 2009.

- Eu mesmo sempre o respeitei, não apenas como senador, mas também pelo seu comprometimento com os valores republicanos. Fui um dos 40 senadores que, diante da primeira denúncia, me manifestei publicamente neste Plenário em favor dele. Mas senti em meu coração o peso da traição e vi-me, no alto dos meus 30 anos de carreira pública, enganado – lembrou o senador.

Ricardo Ferraço defendeu também que essa seja a última vez que a votação de um processo por quebra de decoro parlamentar seja feita de forma sigilosa. Ele lembrou ter ingressado com um mandato de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar a Mesa do Senado a divulgar o teor dos votos na sessão desta quarta-feira. O pedido foi negado pelo ministro Celso de Mello.


Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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