Especialistas destacam necessidade de participação da população na discussão ambiental

Paulo Cezar Barreto | 16/03/2012, 09h50

Audiência pública das duas subcomissões do Senado que acompanham os preparativos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) reuniu, nesta quinta-feira (15), especialistas que trataram das estratégias para disseminar o conhecimento sobre problemas ambientais. O presidente da subcomissão ligada à Comissão de Relações Exteriores (CRE), senador Cristovam Buarque (PDT-DF), disse esperar que o Dia Nacional da Consciência das Mudanças Climáticas, celebrado nesta sexta (16), possa ajudar a gerar maior consciência e discussão sobre o tema, a exemplo do Dia Nacional da Mulher.

André Lima, assessor de políticas públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), ressaltou a necessidade de se levar a discussão das mudanças climáticas ao dia a dia da população. Em sua avaliação, o debate sobre o novo Código Florestal, atualmente aguardando votação final na Câmara, é um passo importante que abriu espaço para o tema. A redução de emissões de gás carbônico é um grande desafio que, conforme argumentou, precisa ser enfrentado e compreendido pelo cidadão comum.

Lima salientou que o desmatamento agrava a posição do Brasil entre os países que mais emitem gases do efeito estufa, mas disse acreditar que a legislação ambiental só será efetiva se abranger todos os setores da economia e da sociedade. A proposta do Código Florestal, as limitações à demarcação de terras indígenas e a redução nos poderes do Ibama, no seu ponto de vista, configuram um retrocesso na legislação sob o governo Dilma Rousseff.

Sandra Zita Silva, superintendente de educação básica do Conselho Nacional de Secretários de Educação, espera que a Rio+20 gere propostas que desenvolvam o processo educativo de toda a comunidade com vista ao crescimento da consciência ambiental.

Para ela, é necessário traduzir para as escolas o que as mudanças climáticas representam em modificações no dia a dia coletivo, de forma a conseguir o sentimento de responsabilidade do cidadão. Da mesma forma, observou Sandra, deve ser mostrado que as ações locais têm efeitos globais e incluir a participação dos estudantes dentro e fora da escola. Ela também ressaltou a desconexão entre as disciplinas formais e a temática do clima, afirmando que o processo educativo deve vencer essa barreira.

O deputado distrital Joe Valle chamou a atenção para a poluição em Brasília, agravada nos períodos de seca, e condenou os padrões insustentáveis de consumo no Distrito Federal – o que, na sua avaliação, acabará se refletindo em crise no abastecimento de água e no tratamento de resíduos sólidos.

O deputado descreveu o trabalho da Frente Parlamentar Ambientalista na Câmara Legislativa, que tem buscado a educação do cidadão e a busca de leis que conduzam mais à prevenção do que à punição. Joe Valle ainda pediu um inventário de emissões de gases do efeito estufa no Distrito Federal, afirmando que esse cálculo orientará medidas que levarão ao controle de emissões. Em sua opinião, a Copa de 2014 poderá servir para o Distrito Federal mostrar a viabilidade da agricultura orgânica.

Para o padre Nelito Dornelas, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vivemos em momento crucial para a humanidade, no qual nos deparamos com a vida em risco no planeta. Para o religioso, diante da magnitude do desafio ambiental, qualquer iniciativa de enfrentamento é louvável e positiva. Em sua avaliação, o homem foi feito para ser guardião da natureza, mas vive um modelo “destruidor das matrizes da vida”. Conforme Dornelas, cada um precisa dar sua cota de contribuição e ter a coragem de repensar o modelo de sociedade que vivemos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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