Projeto de Aloysio Nunes dá nome de Jango à BR-153

Da Redação | 23/08/2011, 19h56


O Brasil desconhece a importância do presidente deposto João Goulart, que viveu e morreu no exílio, "atormentado por uma saudade profunda de sua terra", afirmou nesta terça-feira (23) o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que apresentou projeto de lei dando o nome de Goulart à BR-153. A rodovia se estende de Aceguá (RS) a Marabá (PA), passando pelo Planalto Central.

O senador disse ter sido motivado pela leitura de biografia do ex-presidente escrita pelo historiador gaúcho Jorge Ferreira, intitulada João Goulart.

Aloysio Nunes disse que João Goulart foi hostilizado tanto pela direita, como pela esquerda. Pelos conservadores era temido pelo caráter popular de suas reformas de base e acusado de querer implantar no Brasil uma república sindicalista. Já os esquerdistas o estigmatizavam por sua "vacilação" - para explicar a vulnerabilidade da democracia brasileira.

- No contexto da Guerra Fria, o programa de reformas proposto por João Goulart, sem dúvida alguma, ameaçava o status quo no Brasil, abria o caminho para uma maior participação do povo na decisão das questões nacionais, afirmava a soberania brasileira, afirmava a autonomia do país no cenário da política externa e das decisões econômicas, prosseguia a obra do presidente Vargas, na construção de um país voltado para o seu mercado interno, mediante uma correção da injusta distribuição de renda que até hoje persiste - disse o senador.

Aloysio Nunes lembrou ainda que Goulart propôs a reforma agrária, ajudou a criar o "maior partido de massas do país", o PTB, propôs a reforma urbana e universitária, a lei da remessa de lucros para o exterior e o voto para os analfabetos.

- O que mais ameaçava o estamento conservador é que o povo brasileiro saía de um estado de subalternidade consentida, secular, e emergia como ator. O episódio da mobilização do povo pela restauração dos poderes do presidente foi quase que uma certidão de nascimento do povo brasileiro - afirmou.

Frente ampla pela democracia

Aloysio Nunes mencionou a capacidade de Goulart de "estender a mão a seu maior adversário", Carlos Lacerda, quando se formou a Frente Ampla pela Democracia. O grupo reuniu políticos importantes, então no exílio - Lacerda, Jango e o ex-presidente Juscelino Kubitschek - além de figuras políticas como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, pelo retorno à democracia.

- É hora de lembrarmos um homem tolerante, que apostou na democracia, e que mesmo no exílio teve um gesto de extraordinária grandeza e generosidade ao estender a mão a um adversário absolutamente implacável - concluiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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