Psicólogo ressalta importância das creches no desenvolvimento das crianças

Da Redação | 20/11/2008, 13h24

"A creche é um continente, um universo que promove uma construção da rede de cuidados sobre toda a família. Tem a função de educar, conduzir ao exterior, otimizar a criança para que ela possa desenvolver seu próprio ponto de vista. Tem que permitir a narrativa corporal, a subjetivação da criança, que é o seu desenvolvimento cognitivo, por via corporal e da fala."

Dessa forma, o psicólogo clínico e psicanalista uruguaio Victor Guerra abordou, nesta quinta-feira (20), o tema "A creche e suas funções junto à criança e sua família", em palestra no terceiro e último dia de debates da 1ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz.

Com 20 anos de dedicação a creches, o psicólogo falou da importância desse tipo de instituição escolar para o desenvolvimento das crianças. Saber trabalhar com a cultura e a linguagem familiar e corporal do bebê, sociabilizar, dedicar afeto e procurar ver a criança sob seu ponto de vista são, segundo o psicólogo, algumas funções da creche para que possa cumprir seu papel no desenvolvimento da criança.

Já a deputada estadual Iraê Lucena (PMDB-PB), vice-presidente da Frente Parlamentar da Criança e do Adolescente da Paraíba, enfatizou a importância de uma parceria entre parlamentares, entidades dedicadas a crianças e estudiosos a fim de que o Poder Legislativo possa estar bem preparado para construir leis adequadas e que atendam às reais necessidades das crianças.

- Nós somos os instrumentos para que essas ações aconteçam, pois fazemos as leis. Mas quem vai nos subsidiar nessa tarefa são essas entidades - explicou a deputada, ao lembrar que tão importante quanto fazer leis "é tirá-las do papel".

Na opinião da psicanalista e doutora em Psicologia Clínica Isabel Kahn Marin, que também participou dos debates, é fundamental que as creches não somente acolham as crianças, mas também as suas famílias, para melhor compreender o universo desses pequenos indivíduos. Ao discorrer sobre o tema "Intervenções institucionais junto à primeira infância em contextos de vulnerabilidade", a psicanalista também abordou aspectos das incertezas e inseguranças que rondam os pais na criação de seus filhos.

Já a professora Telma Scott abordou o tema "O ambiente como terceiro educador", tratando da importância da organização dos espaços para garantir a qualidade da primeira infância. Para ela, é essencial que as escolas disponibilizem espaços para que as crianças possam expandir sua criatividade. Não se trata de espaços vazios, mas, segundo explicou, lugares com jogos, representações de escritórios, profissões e outras atividades que possibilitem a educação da criança.

- Mas esse espaço, por si só, não educa, não escolariza. É o adulto, conhecendo a necessidade da criança, que vai possibilitar que ela interaja com o ambiente e aprenda - explicou a professora.

Os pontos positivos e negativos dos abrigos foram destacados pela mestre em Psicologia Shyrlene Nunes Brandão. Segundo ela, a maioria das crianças chega aos abrigos por motivos que envolvem problemas de carência material da família. Proteção, alimentação adequada, moradia, asseio, livros, brinquedos, acesso à saúde e à educação são os fatores positivos dessas instituições, segundo a psicóloga.

Mas os abrigos também apresentam fatores de risco. Os principais, segundo Shyrlene Brandão, são a segregação social, a ruptura com os vínculos familiares, a desconsideração das características da criança e a limitação das possibilidades de escolha das decisões da criança.

- É fundamental procurar amenizar os fatores de risco e trabalhar a reintegração familiar dessa criança, para que os fatores de proteção do abrigo não superem os fatores de proteção da família - aconselhou Shyrlene Brandão.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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