Perillo relaciona aumento em saques com cartões a fim do mensalão

Da Redação | 26/03/2008, 17h28

O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) exigiu, nesta quarta-feira (26), a apuração dos saques com cartões corporativos e a divulgação dos nomes dos 300 servidores públicos responsáveis por 91% dessas operações. Atualmente, há 16 mil cartões corporativos ativos.

O parlamentar goiano disse considerar suspeito o aumento (de 550%) registrado nessa modalidade de gasto entre 2004 (R$ 14 milhões) e 2007 (R$ 77 milhões). Observou também que em 2005, ano em que foi desarticulado o "mensalão", houve aumento dos saques da ordem de 66% em comparação com 2004 - R$ 35 milhões contra R$ 21 milhões.

- Diante dessas constatações preliminares, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos passa a ter um dever cívico da mais alta importância para a sociedade brasileira, porque o fio do novelo que começamos a desembaralhar pode trazer à tona mais um esquema de favorecimento ilícito e uma infinidade de desdobramentos e implicações - salientou.

Marconi Perillo explicou que os cartões permitem sacar valores acima de R$ 2 mil desde que o titular justifique os gastos com notas fiscais. Entretanto, as investigações teriam indicado, até o momento, que as notas apresentadas são, em grande parte, frias. Este seria igualmente o caso das notas utilizadas nos saques efetuados nas chamadas contas do tipo "B" (operadas por funcionários públicos para cobrir despesas governamentais).

O senador por Goiás chamou atenção ainda para o aumento do gasto total com suprimento de fundos - de R$ 270 milhões, em 2004, para R$ 370 milhões, em 2007. Isso incluiria as compras com cartões, os saques com cartões para apresentação de notas fiscais e os saques nas contas do tipo "B"..

Marconi Perillo também criticou o governo Luiz Inácio Lula da Silva por supostamente tentar desviar o foco dos gastos de difícil investigação, como os saques, para compras que têm valor mais simbólico e são mais facilmente defensáveis, como o pagamento de uma tapioca pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva.

- Foi deprimente a reunião da CPMI desta quarta. Isso nos preocupa, porque, há duas semanas, estamos sentindo o gosto de pizza. Estamos extremamente preocupados com a possibilidade de que essa comissão não chegue a conclusão alguma - avaliou.

Segundo o parlamentar, há uma "orientação de voto" feita pelo Palácio do Planalto no sentido de que sejam rejeitados 32 dos 48 requerimentos apresentados pela oposição, ou seja, todos os requerimentos que dizem respeito à requisição de dados e à abertura de sigilos.

- O ex-presidente Fernando Henrique já autorizou a abertura de todos os dados sigilosos referentes à utilização de cartões, entre outras contas, do seu governo. O que a gente espera é que o governo Lula possa também autorizar a abertura de todos os dados e sigilos, a fim de que não paire dúvida em relação à conduta dele e de seus auxiliares - reivindicou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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