Congresso realiza sessão para celebrar o Dia Internacional da Mulher

Da Redação | 23/02/2006, 00h00

Será realizada na manhã desta quinta-feira (9), no Plenário do Senado, sessão solene do Congresso Nacional para comemorar o Dia Internacional da Mulher e a outorga do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz. Na sessão, receberão o prêmio da Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2005/2006 Raimunda Putani, do Acre; Elizabeth Teixeira, da Paraíba; Geraldina Pereira, do Pará; Jupyra Ghedini, do Distrito Federal, e Rosmary Corrêa, de São Paulo. O prêmio é oferecido para mulheres que se destacam na defesa da cidadania, dos direitos humanos e políticos das mulheres brasileiras. A presidente do Conselho Mulher-Cidadã Bertha Lutz no Senado é a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT).

Raimunda Putani é pajé do grupo indígena Yawanawa; Elizabeth Teixeira é dirigente camponesa e viúva do João Pedro Teixeira, fundador e líder da Liga Camponesa de Sapé, na Paraíba; e Geraldina Pereira teve o marido - o sindicalista rural João Canuto - e dois de seus filhos assassinados em razão de conflitos no campo. Já a economista e pedagoga Jupyra Ghedini tem um trabalho reconhecido junto a organizações não-governamentais de caráter educativo e Rosmary Corrêa, hoje deputada estadual em São Paulo, criou e foi titular da primeira delegacia de polícia de defesa da mulher.

O Dia Internacional da Mulher é comemorado oficialmente em 8 de março e foi instituído em 1975, na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), para reverenciar o episódio trágico ocorrido nos Estados Unidos, em 1857, quando 129 operárias de uma fábrica têxtil morreram carbonizadas num incêndio, no momento em que faziam greve por melhores condições de trabalho.

Bertha Lutz

Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo no dia 2 de agosto de 1894, filha da enfermeira inglesa Amy Fowler e do cientista e pioneiro da medicina tropical Adolfo Lutz. É conhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras. Foi ela que se empenhou pela aprovação da legislação que outorgou o direito às mulheres de votar e de serem votadas.

Educada na Europa, Bertha tomou contato com a campanha sufragista inglesa e voltou ao Brasil em 1918, formada em Biologia pela Sorbonne. Ingressou por concurso público como bióloga no Museu Nacional e foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro. Ao lado de outras pioneiras, empenhou-se na luta pelo voto feminino, e criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF).

Em 1922, representou as brasileiras na assembléia-geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, sendo eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Somente dez anos depois do ingresso das brasileiras na Liga das Mulheres Eleitoras, em 1932, por decreto-lei do presidente Getúlio Vargas, foi estabelecido o direito de voto feminino.

Candidata pela "Liga Eleitoral Independente", Bertha obteve a primeira suplência, assumindo a cadeira de deputada na Câmara Federal em junho de 1936, devido à morte do titular, Cândido Pereira. Sua atuação parlamentar foi marcada por proposta de mudança na legislação referente ao trabalho da mulher e do menor, visando, além de igualdade salarial, a isenção do serviço militar, a licença de 3 meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de 13 horas.

Com o regime do Estado Novo implantado em 1937 e o fechamento das casas legislativas, Bertha permaneceu ocupando importantes cargos públicos, entre os quais a chefia do setor de botânica do Museu Nacional, cargo no qual se aposentou em 1964. Em 1975 - Ano Internacional da Mulher, estabelecido pela ONU -, Bertha foi convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país no primeiro Congresso Internacional da Mulher, realizado na capital do México. Foi seu último ato público em defesa da condição feminina. Bertha Lutz faleceu no Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1976.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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