Advogado conta detalhes da conversa com Marinho
Da Redação | 28/06/2005, 00h00
Visivelmente nervoso, Joel, que é também consultor de empresas, iniciou seu depoimento dizendo que "tomou um calmantezinho" para conseguir falar aos membros da comissão. Informou que fez quatro visitas a Marinho, sendo a primeira sem gravação, para ter sua "impressão" sobre o ex-chefe dos Correios.
- Ele abriu o jogo para uma pessoa que nunca viu na vida - disse.
Na primeira visita, Joel apresentou-se como "Goldman", representante de uma multinacional com interesse em fornecer material para os Correios. Marinho teria "aberto o jogo", já que o falso executivo garantiu estar disposto a fazer "qualquer coisa" para participar e ganhar licitações da estatal. Marinho então teria garantido que seu departamento era "nevrálgico" e que faria tudo de forma que ficasse "aparentemente legal". Também teria dito que era "o homem do PTB" nos Correios e citado o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
O advogado afirmou ter visitado Maurício Marinho quatro vezes, sendo as três últimas com equipamento de gravação. A primeira fita ficou inutilizada, a segunda gravação não deu certo. Na última visita, foi acompanhado de João Carlos Mancuso. Joel teria recebido R$ 5 mil de Arthur Wascheck para pagar despesas com a vinda de Mancuso de Curitiba para Brasília. Desse dinheiro, também tirou os R$ 3 mil utilizados no flagrante. Com a falsa identidade de Goldman, Joel manteria prometidos R$ 15 mil de propina a Maurício Marinho. O advogado também contou um fato que considerou "engraçado": eles teriam confeccionado cartões da falsa empresa ligada ao setor de informática, e Mancuso, chocado com o que ouviu de Marinho, teria pedido o cartão que entregou a Marinho de volta.
Joel também informou que recebeu dicas do mandante da gravação, o empresário Arthur Wascheck Neto, sobre o funcionamento dos Correios e os nomes dos diretores. E que teria aprendido a operar a pasta com a filmadora no terraço de Wascheck..
- Depois da terceira gravação, entreguei a gravação a Jairo (Martins, ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, e dono da pasta) em um hotel e só fui saber de novo da fita pela imprensa.
Joel destacou ainda que tem "problemas com datas" e que tudo o que faz está agendado em seu palm top, apreendido pela Polícia Federal.
- Minha vida está completamente aberta à Polícia Federal. Podem pedir abertura dos meus sigilos - disse.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
MAIS NOTÍCIAS SOBRE: