Para Simon, anteprojeto que cria conselho de jornalistas é antidemocrático
Da Redação | 11/08/2004, 00h00
- O jornalismo não é uma ciência como medicina, engenharia ou direito, que têm rígidas regras profissionais. As matérias-primas do jornalismo são a informação e a opinião. Vamos exigir que os jornalistas pensem da mesma forma, sob pena de serem cassados? - questionou Simon, reclamando que a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) sequer foi ouvida acerca da proposta.
O senador leu em Plenário trechos de artigo do jornalista Alberto Dines, membro do Conselho de Comunicação Social do Congresso, em que acusa a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) de estarem interessadas em “dominar a imprensa, impor suas regras, suas prioridades e sua ética, apropriando-se do chamado quarto poder”.
Citando Dines, Simon chamou de “aberração democrática” a intenção do anteprojeto de restringir a prática da atividade jornalística aos profissionais inscritos nos Conselhos Regionais de Jornalismo.
- A CUT-Fenaj quer ser a dona da profissão, da busca da verdade. Quem discordar deixa de ser jornalista; quem não obedecer a seus critérios, obriga-se a mudar de profissão – afirma Dines no artigo lido por Simon.
O senador apontou ainda que o texto do anteprojeto, sugerido pela Fenaj, foi alterado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Casa Civil da Presidência da República, de forma a dar poderes ainda maiores aos conselhos no controle da atividade jornalísticas.
- A minha preocupação com essa proposta anti-democrática só não é maior porque estou absolutamente certo de que o Congresso saberá o que fazer quando o assunto estiver em votação – declarou Simon.
Simon aproveitou seu pronunciamento para pedir que a Mesa do Senado solicite a suspensão da licitação da Petrobras para exploração de campos de petróleo no país, marcada para o próximo dia 16 de agosto, por meio de leilão. Segundo ele, diversas entidades e o governador do Paraná, Roberto Requião, movem ações no Judiciário para cancelar a licitação. Antes do leilão, Simon considera que o Senado deve convocar a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, para depor sobre a matéria.
- Esse seria um grande gesto do presidente do Senado, reunir os líderes com a urgência que a matéria merece, para suspender a realização do leilão até que tivéssemos clareza acerca das denúncias gravíssimas que recebemos e que até agora não tiveram resposta – afirmou Simon, lembrando que durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, os leilões similares realizados foram alvo de discursos contrários de integrantes do PT.
Na presidência da sessão, o 2º vice-presidente do Senado, senador Siqueira Campos (PSDB-TO), informou que irá levar a discussão ao presidente da Casa, senador José Sarney, por meio das notas taquigráficas do discurso de Simon. Eduardo também sugeriu a Simon que formalize seu requerimento de convocação da ministra, inclusive junto à Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI).
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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