Marina Silva critica comercialização de transgênicos

Da Redação | 11/03/2002, 00h00

Contrária à comercialização de alimentos geneticamente modificados, a senadora Marina Silva (PT-AC) alertou, em Plenário, que a Comissão de Alimentos Geneticamente Modificados da Câmara dos Deputados vai votar nesta quarta-feira (13) o relatório do deputado Confúcio Moura (PMDB-RO), favorável à liberação dos transgênicos.

- O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e a maioria expressiva dos movimentos socioambientais apontam para os riscos da liberação de produtos geneticamente modificados no Brasil antes que se defina uma legislação específica para tratar com clareza a questão - afirmou a senadora.

Marina Silva contesta os argumentos dos ministérios da Agricultura e Abastecimento e da Ciência e Tecnologia de que, depois de vinte anos de experimentações e três anos de debates, já há segurança suficiente para a aplicação da biotecnologia na produção de alimentos. Conforme a senadora, nos Estados Unidos existem relatórios de entidades respeitáveis que aconselham o governo a ter mais cuidado com o impacto ambiental e eventuais problemas à saúde decorrentes da produção e consumo dos transgênicos.

Ela advertiu que a Monsanto, empresa que tenta colocar no mercado brasileiro a soja transgênica, é, com outra empresa, responsável pela contaminação de 3.500 habitantes de uma cidade americana.

Num momento em que grande parte da produção mundial de grãos é transgênica, a senadora defende que o Brasil se consolide como uma alternativa para os países que querem importar produtos agrícolas que não tenham sido geneticamente modificados. Para Marina Silva, se o governo deixa de lado os impactos sociais que o consumo desses produtos pode provocar, devia, ao menos, pensar nas questões econômicas. "Se o Brasil se firmar como área livre de transgênicos pode conquistar mercados como o europeu", acredita.

A senadora lembrou ainda que existem dois projetos em tramitação no Senado sobre os organismos geneticamente modificados (OGM). Um dos projetos estabelece critérios para rotulagem de produtos transgênicos e o outro, de sua autoria, determina moratória para produtos agrícolas geneticamente modificados pelo período de cinco anos. Para a senadora, a moratória não significa engessar a pesquisa científica sobre o assunto, já que permite a realização de experimentos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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