SUASSUNA APRESENTA VERSÃO DE FRAGA SOBRE INVESTIMENTOS EM MINAS GERAIS

Da Redação | 07/10/1999, 00h00

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) apresentou em discurso no plenário nesta quinta-feira (dia 7) a versão do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, para os comentários que fez a empresários estrangeiros sobre investimentos no Brasil, em especial em Minas Gerais. Conforme noticiado pela imprensa, Fraga teria sugerido aos investidores internacionais que não escolhessem aquele estado para fazer seus investimentos, porque o seu governo não cumpre seus compromissos financeiros.
Conforme Suassuna, Fraga explicou que, no momento da declaração, os investidores o pressionavam para que fornecesse informações sobre a situação econômica do país e dos estados. O senador acrescentou que Fraga garantiu não ter sido sua intenção denegrir a imagem de Minas Gerais e que o economista pretende se desculpar publicamente. De acordo com o senador pela Paraíba, Armínio Fraga, está abatido com a repercussão do episódio.
- Este foi um desses capítulos mal-entendidos em que a imprensa apenas pinça uma ou outra frase sem publicar o contexto. O que o Fraga queria dizer é muito mais complexo e segundo o que ele me narrou não foi dito da forma em que foi publicado - afirmou o senador ao contar que pôde verificar pessoalmente o constrangimento do presidente do Banco Central com a situação.
O senador Edison Lobão (PFL-MA) afirmou, em aparte, que apesar de solidarizar-se com o sentimento do povo mineiro, tem certeza de que Fraga não agiu de forma deliberada e que não se deve superdimensionar o episódio. Para ele, é importante que não haja desgaste do presidente do Banco Central, "logo agora que a economia está sendo reanimada".
Já o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) disse, também em aparte, que não custaria nada ao próprio Armínio Fraga dar as explicações e as desculpas que estavam sendo fornecidas por Suassuna. "É lamentável que ele não tenha senso de oportunidade".
Em aparte a Suassuna, dois senadores mineiros, Francelino Pereira (PFL) e José Alencar (PDT) sugeriram um pedido formal de desculpas por parte de Armínio Fraga. Francelino disse que Fraga realmente desaconselhou os investimentos no estado e afirmou que as palavras "feriram os sentimentos dos mineiros e para isso não existe perdão". Alencar afirmou que o presidente do Banco Central deveria estar mais bem informado por sua equipe sobre fatos econômicos de Minas Gerais. Ele espera que Frga tenha "humildade para reconhecer a falha que cometeu".
Também a senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse, em aparte, que não aceita as explicações dadas por Armínio Fraga. "Vou apresentar um voto de censura contra as declarações dele que, como funcionário que deveria representar e defender o país, não poderia ter atuado politicamente". Ainda o senador Lauro Campos (PT-DF) criticou a postura do presidente do Banco Central que qualificou como "mais uma demonstração do pensamento neoiberal".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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