Doações ao RS: colaboradores que acompanharam entregas relatam viagem

Da Comunicação Interna | 17/05/2024, 13h23

O primeiro caminhão bi-trem com doações arrecadadas no Senado para o Rio Grande do Sul chegou em Canoas (RS) no domingo (12) pela manhã, carregado com cobertores, lençóis, toalhas, roupas, água e produtos de limpeza e higiene. Os donativos foram obtidos na campanha SOS Rio Grande do Sul, organizada pelo grupo de voluntários Liga do Bem.

As doações foram entregues em um depósito da prefeitura de Canoas. A polícia legislativa do Senado — que escoltou os caminhões, com quatro policiais — e a Polícia Civil do Rio Grande do Sul ficaram responsáveis pelo apoio na chegada. Colaboradores do Senado que acompanharam a viagem contam que, a todo momento, outras doações chegavam de vários lugares. Ainda assim, relatam, a população continua precisando muito de tudo.

— Recebemos muito apoio nas estradas. Caminhoneiros viam a identificação de SOS no nosso caminhão e buzinavam, passavam rádio agradecendo, as pessoas nos pedágios, restaurantes... Era uma corrente de ajuda muito bonita — conta o policial legislativo Jó Mateus Freitas Leão.

Ele ressalta a importância do trabalho de triagem e organização, pois assim tudo já chega ao estado pronto para ser doado. Donativos que chegam sem triagem podem acabar se acumulando nos galpões, sem pessoas ou espaço para organizar tudo. Por isso o material enviado pelo Senado está organizado em kits ou separado de acordo com a identificação — roupas masculinas ou femininas, material de higiene etc.

Voluntário da Liga do Bem, o funcionário terceirizado do Senado Marcos Romeu também acompanhou a viagem e a entrega das doações. Ele conta que as distribuições de kits que presenciou foram bem organizadas. O monitoramento de quem precisa e do que deve ser doado é feito com ajuda do poder público, das igrejas e da sociedade civil, que se organizam de forma orgânica, relata. 

— Perguntavam para as pessoas o que estavam precisando e faziam a entrega. O que eles recebem não é só uma doação. O povo gaúcho recebeu carinho, amor, cuidado em forma de presente.

Leão lembra que a situação no estado ainda é muito complicada e não vai passar tão cedo.

— É importante continuar nessa energia de ajudar, de doação. Na escola em que ficamos, tivemos contato com desabrigados e vimos que há necessidades e situações específicas. Por exemplo, não tem roupas íntimas, e roupa masculina estão recebendo muito pouco — reforça.

Abrigo

Nos dois dias em que ficaram no RS, os policiais do Senado foram alojados no Colégio Maria Auxiliadora, em Canoas. Por estarem armados, ficaram em uma ala separada das vítimas da enchente. Tanto os policiais quanto os desabrigados receberam alimentação, local para banho, higiene e dormitórios coletivos.

— Tivemos bastante acolhimento das irmãs, que nos trataram muito bem. Eles estão fazendo esse trabalho de receber os policiais que vão ajudar nas entregas das doações e gostaram muito da nossa presença por lá — diz Leão, impressionado com a acolhida, apesar de toda a situação.

Os policiais contam que a escola em que ficaram chegou a receber mais de mil desabrigados pelas chuvas de uma só vez.

Já Marcos Romeu foi alojado em uma igreja, junto com os desabrigados. Para ele, a maior dificuldade no momento é lidar com o medo e a desesperança das pessoas.

— A chuva ainda não parou. Há rumores de que as coisas ainda vão piorar, e o clima dificulta as coisas. A situação é difícil, tensa. Meu casaco molhou, não seca e é difícil até conseguir comprar outro. O povo tem ido o tempo todo às igrejas, escolas e onde há doações para buscar as coisas, principalmente água — descreve.

Em Canoas, chamou a atenção de Marcos Romeu a quantidade de pessoas vagando nas ruas, jovens carregando malas, crianças e idosos perdidos. Mas, até em meio a esse cenário triste, há esperança, acreditam os colaboradores.

— Vimos muito o lado bom do ser humano nas pessoas ajudando umas às outras. Muitos voluntários são pessoas que perderam suas casas e agora estão auxiliando nos abrigos e têm esperança na reconstrução do estado — relata Leão.

Campanha continua

A Liga do Bem segue com a campanha de arrecadação para o Rio Grande do Sul. As doações podem ser físicas ou por Pix, para a chave apcnsocial@gmail.com. Voluntários para triagem são bem-vindos de 9h às 19h, de segunda a sexta, na Gráfica do Senado, em Brasília. 

Na primeira etapa da campanha, foram entregues na Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 7, mais de 5,5 mil cobertores, 1,3 mil litros de água mineral, 53 quilos de leite em pó e 360 outros itens de roupa de cama. Dois dias depois, saiu da garagem do Senado em direção ao RS uma carreta bi-trem com capacidade para 36 toneladas de donativos. 

No dia 13, mais dois caminhões bi-trem, com capacidade para 27 toneladas cada um, partiram de Brasília com doações. Os veículos foram cedidos por voluntários, que também arcaram com os custos de motoristas e de combustível.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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